O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o ministro da economia Fernando Haddad visitam a favela do Moinho na região central de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Durante evento na Favela do Moinho, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o projeto do governo estadual de construir um parque no local. Ele afirmou que qualquer intervenção deve respeitar a dignidade dos moradores e não pode ser feita “às custas do sofrimento” das famílias que vivem na região central da capital. A fala foi uma crítica direta à gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não compareceu ao evento.

“O governo do estado disse que quer fazer uma praça aqui, por mais que seja bonito um parque, ele não pode ser feito às custas do sofrimento de um ser humano”, afirmou Lula ao assinar a portaria que formaliza um programa habitacional para as famílias da comunidade.

Na ocasião, Lula formalizou uma proposta habitacional em parceria com o governo estadual. A iniciativa prevê a realocação de famílias que vivem na favela, com subsídios da União de R$ 180 mil e do Estado de R$ 70 mil, além de auxílio-aluguel de R$ 1.200 mensais. Os imóveis serão adquiridos por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, com possibilidade de escolha das unidades em São Paulo ou em outras cidades.

O presidente também condicionou a cessão definitiva do terreno ao respeito aos moradores: “Vamos fazer a cessão definitiva ao governo do estado, mas isso depois de provar que vocês foram tratados com decência e que respeitaram a dignidade de cada um de vocês”.

Sem citar nomes, Lula afirmou que “tem gente que gosta de tirar proveito da desgraça” e garantiu que o terreno da União só será cedido ao Estado após comprovação de que os moradores foram tratados com respeito.

O governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Roberto Sungi/Estadão Conteúdo

A fala foi uma resposta às ações da Polícia Militar, que, em maio, foi acusada de agir com truculência ao tentar remover moradores da área, episódio comemorado por Tarcísio e pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

O presidente também comentou a ausência de Tarcísio no evento, afirmando que o governador foi convidado, mas preferiu participar da entrega de moradias em São Bernardo do Campo. Lula destacou que sempre convida governadores aos eventos e disse aos moradores: “Agora vocês estão sob os cuidados do governo federal”.

O evento chegou a ter como local previsto a sede do MST, mas foi transferido para dentro da própria comunidade. Lula defendeu a mudança e completou: “É importante que as pessoas que querem visitar esse parque, brincar nesse parque e passar domingo nesse parque não venham pisotear sangue de pobres que aqui foram agredidos para que eles fizessem [o parque]. Vamos fazer com decência e com muita dignidade”.

Mais cedo, Tarcísio comentou a situação e alegou que o Estado já atuava na área antes da chegada da União: “Hoje, 386 famílias já foram removidas. Quando o acordo com o governo federal foi fechado, 186 já haviam sido retiradas”.

O governador também respondeu às críticas sobre não comparecer ao evento com Lula: “Nosso objetivo, sinceramente, não é fazer evento, o nosso objetivo é trazer emprego, é resolver o problema”.

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Last Update: 26/06/2025