Nesta quinta-feira (26.06.2025), o âncora atual do Jornal da Globo, Bruno Tavares, prestou um verdadeiro desserviço ao país, quando em rede nacional afirmou que a oposição é corresponsável com o governo na irresponsabilidade fiscal.

A afirmação de Bruno Tavares exibe antes de mais nada: a estreiteza e superficialidade do pensamento típico do jornalismo brasileiro, que insiste na fraude ideológica de mascarar a oposição política que há no Brasil e, com isso, busca convencer os incautos quanto a despolarização pretendida e, assim, fazer crer que,hoje,oposição e governo são a mesma coisa apenas com designação diferente, embora, na prática, não se diferenciem tanto, pois, no que tange por exemplo, a irresponsabilidade fiscal, ambos contribuem – de acordo com este jornalismo – para que no país as despesas sejam maiores do que a receita.

No entanto, o que Bruno Tavares omite valendo-se deste tipo de jornalismo que se especializou em omitir o essencial é que: governo e oposição tem prioridades diferentes e é a partir destas prioridades que se institui a diferença fundamental entre governo e oposição, de modo que, é absolutamente falsa a retórica do Jornal da Globo de que deve-se acabar com a polarização no Brasil, uma vez que, isto implicaria – penso – das duas, uma:

um governo autoritário ( que felizmente fracassou na tentativa de reeditar 1964 por meio das hordas de extrema-direita de Bolsonaro), o que, hoje, nem a própria direita recomendaria.

Ou o governo popular de Lula sem a limitação do arco de alianças que lhe impõe restrições para a promoção de maiores avanços sociais ( o que, por um lado, não é desejável aos donos do poder e por outro lado, sendo desejável ao campo popular nas circunstâncias atuais é, no entanto, uma impossibilidade)

Daí porque, sendo, então, as duas condições acima indispensáveis para liquidar-se a polarização no Brasil compreende-se o quanto é vazio o discurso de despolarização que um certo jornalismo, de um certo Bruno Tavares, tanto martela na cabeça das pessoas.

Desta forma, o que deve, então, ser feito por um jornalismo decente é, no mínimo, a denúncia de setores que, ao invés de se solidarizaram com os mais pobres, apenas almejam aumentar sua rentabilidade mesmo que isto resulte na imposição de sacrifícios econômicos aos já desfavorecidos financeiramente.

Porém, nem isto faz o jornalismo que Bruno Tavares faz e defende.Ao contrário, tenta provar que são iguais coisas diferentes: governo e oposição, por exemplo.

Mas, Bruno Tavares deveria ter dito que no Brasil está em curso uma guerra fiscal. E que, de um lado da trincheira, enquanto o governo busca o aumento de arrecadação sem corte no orçamento de políticas públicas. Do outro lado da trincheira, o Congresso busca aumentar as despesas ainda que isto implique em cortar investimentos na área social.

Toda a gritaria do mercado ( e não é de hoje que o mercado grita, se agita, se apavora ).É só sentir que terá que ajudar a financiar a melhora do padrão de vida das pessoas.É só sentir que terá que colocar as mãos no bolso para assumir sua responsabilidade social, que o mercado esperneia, tem insônias e crises nervosas.

Por exemplo, falou-se em taxar o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) e pronto: o mercado já reagiu; entrou em crise, colapsou, acendeu-se,nele,o desespero e a imprensa no molde de Bruno Tavares faz assim, coloca o mercado na posição de paciente, explicando que algo precisa ser feito para acudir o mercado que é sensível e derrepente eclodiu em crise ( alguns até, por isso, vão se compadecer do mercado: coitado! ).

Mas, todo o alarido nervoso do mercado, todo o burburinho enervante dos endinheirados dá-se porque não querem,eles,assumirem a sua cota-parte com o progresso social da população mais carente.

Acontece que o Imposto sobre Operações Financeiras ao arrecadar, sobretudo, de quem detém maior poder aquisitivo permitiria ao governo Lula continuar a adoção de políticas públicas e, assim, proporcionar mais investimentos em áreas como: educação e saúde, por exemplo e, com isso, gradativamente, corrigir o déficit fiscal.

Mas, a oposição além de inviabilizar a incidência do IOF, também em votação no Congresso, consumou o aumento do Fundo Partidário de 1,3 bilhões para 1,5 bilhões e o aumento de 513 para 531 deputados nas próximas eleições.

Com isso, nestes exemplos apenas, o Congresso opondo-se ao governo Lula, não só impediu o governo de aumentar a receita, mas também com o aumento do Fundo Partidário e de deputados aumentou-lhe as despesas, o que revela que a guerra fiscal em curso no Brasil visa tão somente sabotar o governo Lula, a fim de lhe inviabilizar um novo mandato em 2027.

Enquanto a maioria de deputados conservadores e autoritários, no Congresso, objetiva atender interesses próprios e do mercado impedindo ao governo Lula o aumento de arrecadação para atender as expectativas da população, ao mesmo tempo que, impõe ao governo o aumento de despesas, o jornalismo complacente e covarde defendido por Bruno Tavares, nada denuncia de fato,pois, limita-se a rebaixar-se a ser o apêndice de setores conservadores e autoritários da sociedade, que pretendem sabotar um governo eleito democraticamente.

Neste sentido, o jornalismo defendido por Bruno Tavares é corresponsável pela irresponsabilidade social, tanto do mercado, quanto dos endinheirados deste país, uma vez que, com a guerra fiscal praticada buscam arrastar o governo Lula a adotar o corte de gastos em políticas públicas.

O propósito desta guerra fiscal ao governo Lula é claro: ao buscar forçar o contingenciamento de investimentos na área social pretende a oposição fazer com que o governo Lula caia em descrédito junto à população e, com isso, quer inviabilizar a continuidade deste governo popular.

Não se pode admitir tamanha desfaçatez. Isto deve ser denunciado.Deve-se não só explicar à população a sabotagem que está em curso, mas também e desde já fazer as pessoas compreenderem que na próxima eleição Lula deve ter eleitos deputados e senadores comprometidos com os interesses da classe trabalhadora.

A guerra fiscal em curso deve ser denunciada como sabotagem explícita.Deve-se explicitar que enquanto o governo Lula procura aumentar a arrecadação sem prejudicar a população; a oposição conservadora e autoritária do Congresso busca obter privilégios para si e deixar intocado os privilégios dos endinheirados, ainda que isto implique em penalizar a população pobre, os menos favorecidos economicamente.

E que fique claro:

Somos contra todas as guerras,inclusive, a guerra fiscal, que os setores conservadores e autoritários de extrema-direita travam,hoje,contra o governo Lula e o Brasil

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro

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Last Update: 26/06/2025