No ano passado, os incêndios florestais atingiram 30 milhões de hectares no Brasil, marca 62% superior à média dos últimos 40 anos, segundo o Relatório Anual do Fogo do MapBiomas. Desde 1985, 206 milhões de hectares – um quarto do território nacional – foi consumido pelas chamas ao menos uma vez, o equivalente às áreas somadas de Pará e Mato Grosso. Quase metade da área queimada nesse período foi na última década.

A Amazônia bateu o recorde de incêndios florestais em 2024: foram 15,6 milhões de hectares destruídos. Já o Cerrado é, historicamente, o que apresenta a maior recorrência do fogo: 3,7 milhões de hectares queimaram mais de 16 vezes em 40 anos. Ambos os biomas concentraram 86% dos registros de fogo no período, somando 177 milhões de hectares incendiados.

O Pantanal é outro destaque no relatório: teve 62% de seu território queimado pelo menos uma vez entre 1985 e 2024. Os dados foram obtidos a partir do mapeamento de cicatriz de fogo com imagens de satélite.

Fim do aperto?

O ciclo de aumento dos juros pode, finalmente, ter chegado ao fim. É o que aponta a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira 24. No documento, o Banco Central informa que pretende manter a Selic em seu nível atual por um “período bastante prolongado”, a fim de avaliar se o patamar vigente é suficiente para conduzir a inflação à meta. Na quarta-feira anterior, dia 18, o colegiado elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, de 14,75% para 15,0% ao ano.

Marcha da Maconha/ Sem lacração

STF tem 5×1 contra lei de “prefeito tiktoker” que proíbe o evento

Rodrigo Manga é famoso por suas performances nas redes sociais – Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Rodrigo Manga, o “prefeito ­tiktoker” de Sorocaba, no interior paulista, está próximo de sofrer um revés em sua cruzada contra a Marcha da Maconha. Até a terça-feira 24, cinco ministros do Supremo Tribunal Federal votaram pela invalidação da lei municipal, patrocinada por Manga, que proibiu a realização do evento na cidade. O julgamento foi interrompido após um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.

Àquela altura, havia apenas um voto divergente, de Cristiano Zanin. O relator do caso, Gilmar Mendes, votou por declarar a norma inconstitucional, sob o argumento de que ela viola os direitos à liberdade de expressão e de reunião, além de afrontar a jurisprudência do STF. Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Edson Fachin seguiram o voto integralmente, enquanto Flávio Dino o acompanhou com ressalvas – ele defende restringir o acesso de crianças e adolescentes.

Recentemente, Manga foi alvo de uma operação que investiga desvios de verbas da saúde em Sorocaba. Em abril, a Polícia Federal apreendeu 1,5 milhão de reais em espécie, além de diversas armas e dois veículos de luxo. O dinheiro foi localizado em um dos endereços ligados ao bispo Josivaldo Batista e à pastora Simone Souza, cunhada de Manga. Na época, o prefeito admitiu o parentesco, mas negou qualquer responsabilidade no esquema.

Indonésia/ Resgate tardio

O drama da brasileira Juliana Marins expõe o despreparo das autoridades locais para o turismo de aventura

A jovem foi encontrada quatro dias após sofrer queda em penhasco – Imagem: Redes Sociais

A brasileira Juliana Marins, de 26 anos, foi encontrada morta por equipes de busca na terça-feira 24, após permanecer quatro dias isolada na trilha do vulcão ­Rinjani, na Indonésia. Ao todo, 48 socorristas participaram da operação de resgate da turista, que estava presa em um penhasco rochoso na Ilha de Lombok. Apesar do número expressivo de profissionais envolvidos, o episódio revelou o completo despreparo da equipe do parque e das autoridades locais para lidar com situações de emergência.

Para começar, a jovem foi deixada para trás pelo guia que a acompanhava. Segundo relatos da família, Juliana sentiu-se cansada durante o trajeto e foi orientada a descansar um pouco antes de retomar a caminhada e alcançar o grupo. Sua localização exata só foi descoberta após turistas espanhóis utilizarem um drone para procurá-la. O parque não dispunha de equipamentos semelhantes, nem para reconhecimento de área nem para levar itens essenciais à sobrevivência, como água, comida e manta térmica.

Diante da impossibilidade de aproximação por helicópteros, devido às condições climáticas adversas, uma equipe de socorristas precisou descer 600 metros com o uso de cordas até o local onde Juliana foi encontrada. Era tarde demais. Após quatro dias exposta, ela não resistiu à desidratação e à hipotermia. Nas primeiras imagens captadas pelo drone dos turistas, Juliana ainda estava viva, sentada sobre uma fresta da encosta e movendo os braços.

Uribe denunciado

O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi denunciado por suborno e fraude processual. Trata-se do primeiro ex-chefe de Estado do país a enfrentar um julgamento criminal. No centro do processo, iniciado em maio de 2024, estão acusações de que ele tentou manipular depoimentos de ex-paramilitares para ocultar seu suposto vínculo com grupos de combate às guerrilhas. Segundo a acusação dos promotores colombianos, Uribe teria oferecido vantagens a testemunhas em troca de declarações favoráveis. Se condenado, poderá pegar até oito anos de prisão.

Otan/ Corrida armamentista

Von Der Leyen anuncia expansão de gastos europeus com Defesa

Os países que integram a aliança militar terão de investir 5% do PIB – Imagem: Ernest Curupait/OTAN

Após Donald Trump suspender a ajuda militar à Ucrânia, a Europa decidiu rearmar-se para fazer frente ao avanço da indústria bélica russa. Durante a cúpula da Otan, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a ampliação dos gastos em Defesa dos países que integram a aliança militar, elevando-os a um patamar mínimo de 5% do PIB.

“A Europa da Defesa finalmente acordou”, declarou Von der Leyen. Atualmente, apenas os EUA investem um porcen­tual superior. As demais nações da Otan destinam entre 2% e 3,5% de seus PIBs para esse fim. O aumento nos aportes europeus atende a uma exigência do próprio presidente norte-americano. Há tempos, Trump ameaça retirar os EUA da aliança, acusando os parceiros de não “pagarem suas contas” na guerra da Ucrânia.

Em reação ao anúncio de Von der Leyen, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Otan está trilhando o caminho de uma “militarização desenfreada”. A expansão da aliança militar em direção ao Leste Europeu é uma das razões expostas pelo presidente russo, Vladimir Putin, para a invasão da Ucrânia.

Publicado na edição n° 1368 de CartaCapital, em 02 de julho de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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Last Update: 26/06/2025