Diferentemente da visão de muitos setores da política, dos economistas e de outros alarmistas, a Nestlé tem uma perspectiva consolidada sobre o crescimento do País. Tanto que anunciou investimentos de 7 bilhões de reais nos próximos três anos. A empresa não ignora os desafios relacionados às taxas de juro e à inflação, mas estabelece uma vantagem competitiva marcante: estar no Brasil, há mais de cem anos, e conhecer as características dos ciclos de consumo e os hábitos dos brasileiros.
Os investimentos serão em diferentes negócios e localidades. A divisão de confeitaria, que inclui os chocolates, será uma das prioridades, com investimentos na unidade de Vila Velha (ES). A divisão de cafés será reforçada por meio de aportes nas unidades de Araras (SP) e Montes Claros (MG). A unidade de Ituiutaba (MG) receberá incrementos na linha de nutrição infantil
Em agosto, a empresa inaugura em Vargeão (SC) mais uma fábrica da Purina, marca de ração para o mercado pet. A visão otimista de longo prazo é notada também nos volumes de negócios no Brasil. Do total produzido pela Nestlé, mais de 92% destina-se ao mercado interno.
Livre e operante
O Mercado Livre é o maior marketplace do Brasil. Recentemente, mostrou os dentes para os rivais com uma campanha agressiva de redução de preços nas entregas. Agora abre a carteira e anuncia um investimento de 13,6 bilhões de reais no estado de São Paulo até o fim de 2025, além da contratação de 10,5 mil trabalhadores.
A maior parte dos investimentos está concentrada na unidade do Mercado Livre chamada de Melicidade, em Osasco. Os aportes em São Paulo fazem parte dos 34 bilhões de reais a serem investidos no Brasil e divulgados anteriormente. O País representa 55% de toda a operação da empresa.
Naturalmente
A Natura foi considerada a “marca mais sustentável do mundo” pela Brand Blueprint Awards da Kantar, empresa de pesquisa com atuação global. O título é resultado de uma estimativa de percepção da multinacional brasileira, a partir de uma série de critérios avaliados e monitorados. No caso do segmento da Natura, foram pesquisadas 880 marcas em 22 países. A conquista veio pelo destaque que a empresa consegue no mercado nacional, graças a uma estratégia consistente e com longevidade que impulsionou a comparação com os concorrentes. A premiação avalia a marca, não as ações desenvolvidas pelos negócios.
Alô, Trump
Donald Trump Jr., filho do presidente dos Estados Unidos, informou que o conglomerado de empresas da família entrará em breve no negócio de telefonia móvel. A Trump Mobile, além de serviços, vai lançar uma linha própria de smartphones. Claro, produzidos integralmente nos EUA, embora o país não conte com estruturas com capacidade tecnológica para concorrer com as fábricas da China ou de outros países asiáticos.
Os serviços serão oferecidos por meio de acordos com as companhias de telefonia, sistema também existente no Brasil. A Laricel, da atriz Larissa Manoela, é um serviço que opera nos mesmos moldes: a rede entra com a estrutura, mas a gestão, o marketing e o relacionamento com os clientes ficam com a outra parte. A Trump Mobile promete ainda para agosto o lançamento do T1, seu primeiro smartphone, que parece uma pequena barra de ouro. O valor estimado de lançamento é de 499 dólares, em torno de 2,5 mil reais, e o T1 usará o sistema Android. Os planos mensais custarão, em média, 47 dólares.
Netflix ao vivo
A Netflix, gigante do streaming, dá um passo que pode significar uma reviravolta nas estratégias de conteúdo. A empresa assinou um acordo com a maior emissora de tevê aberta da França, a TF1. Pelo contrato, os assinantes terão acesso à programação ao vivo da emissora, que também ficará disponível para ser acessada quando eles desejarem. A TF1 é a maior emissora do país e tem um canal de streaming, a TF1+.
A estratégia de ter programação ao vivo busca aumentar a frequência de acesso à plataforma. Com isso, a Netflix investe na fidelização, fixa-se na mente dos assinantes e cria um negócio de duas mãos. A primeira é reter os telespectadores por mais tempo no canal. A segunda é oferecer pacotes mais baratos, nos quais os usuários podem manter o hábito de assistir aos programas diários da tevê aberta e ao mesmo tempo ter acesso aos conteúdos da maior plataforma global de entretenimento. O efeito gera outra vantagem: são usuários habituados a ver anúncios, o que pode fortalecer essa outra fonte de receita. Na plataforma, os planos básicos aceitam anunciantes. •
Publicado na edição n° 1368 de CartaCapital, em 02 de julho de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Nestlé tem fome’