O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, registrou alta de 0,26% em junho, abaixo do resultado de maio (0,36%). É a quarta desaceleração consecutiva do indicador, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A principal contribuição para o resultado veio do grupo Alimentação e Bebidas, que apresentou recuo de 0,02% após nove meses de aumentos. Esse desempenho ajudou a conter o avanço geral dos preços. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 ficou em 5,27%, abaixo dos 5,40% registrados no período imediatamente anterior.
Energia elétrica pressiona inflação com nova bandeira tarifária
Apesar da desaceleração no índice geral, o grupo Habitação exerceu o maior impacto positivo sobre o IPCA-15 de junho, com alta de 1,08% e contribuição de 0,16 ponto percentual. A elevação foi impulsionada pela energia elétrica residencial, que subiu 3,29% no mês. A principal causa foi a adoção da bandeira vermelha patamar 1, que impõe uma taxa extra de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos.
Além disso, reajustes tarifários aplicados em cidades como Belo Horizonte, Recife e Salvador também influenciaram o aumento dos custos com eletricidade.
Vestuário e saúde também registram altas
O grupo Vestuário apresentou alta de 0,51% em junho. O movimento foi liderado pelos aumentos nos preços das roupas femininas (0,66%) e nos calçados e acessórios (0,49%).
No grupo Saúde e Cuidados Pessoais, a variação foi de 0,29%. Dentro desse segmento, o destaque ficou para os planos de saúde, que registraram avanço de 0,57% no mês.
Transportes têm leve alta com aumento nas passagens, mas combustíveis recuam
O grupo Transportes teve variação positiva de 0,06%. O principal impacto foi o reajuste nas tarifas do transporte coletivo urbano, com o ônibus urbano apresentando alta de 1,39%.
Por outro lado, o comportamento dos combustíveis contribuiu para conter o avanço dos preços no setor. A gasolina recuou 0,52%, o etanol caiu 1,66% e o óleo diesel teve retração de 1,74%. No geral, os combustíveis registraram queda de 0,69%.
Alimentos no domicílio têm queda após meses de alta
O recuo no grupo Alimentação e Bebidas foi impulsionado principalmente pela queda de 0,24% na alimentação consumida em casa. Em maio, esse subgrupo havia subido 0,30%. Entre os produtos que mais contribuíram para a redução estão o tomate (-7,24%), o ovo de galinha (-6,95%), o arroz (-3,44%) e as frutas (-2,47%).
Entretanto, alguns itens registraram aumento, como a cebola (9,54%) e o café moído (2,86%).
A alimentação fora do domicílio subiu 0,55%, variação inferior à registrada em maio (0,63%).
Índice trimestral segue estável em relação a 2023
O IPCA-E, que é a versão trimestral do IPCA-15, apresentou variação de 1,05%, resultado próximo ao registrado no mesmo período do ano anterior (1,04%).
Recife lidera alta; Porto Alegre tem deflação
Entre as regiões pesquisadas, Recife teve a maior alta regional, com variação de 0,66%. O desempenho foi influenciado por aumentos na energia elétrica (4,58%) e na gasolina (3,44%).
Na outra ponta, Porto Alegre registrou deflação de 0,10%. A queda foi puxada pela redução nos preços do tomate (-10,04%) e da gasolina (-2,87%).
Metodologia e próxima divulgação
O IPCA-15 considera famílias com rendimento entre 1 e 40 salários mínimos e abrange 11 regiões metropolitanas, além de Brasília e Goiânia. A coleta de preços foi realizada entre os dias 16 de maio e 13 de junho, sendo comparada com os valores observados de 15 de abril a 15 de maio.
A próxima divulgação do índice, referente ao mês de julho, está prevista para o dia 25 do próximo mês.