Em entrevista ao Café PT nesta quarta-feira (25), o candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras no PED 2025, Rui Falcão (nº 130), defendeu a retomada dos princípios fundadores do partido.
Segundo ele, é necessário reorganizar a estrutura do partido nos territórios e mudar a linha política. “O PT é um partido anticapitalista, anti-imperialista, internacionalista e que luta por uma nova sociedade”.
Falcão criticou os chamados “mandatos perpétuos” e prometeu, caso eleito, convocar um congresso partidário para revogar essa mudança no estatuto. “Me comprometo também a não ser candidato a deputado federal, como já fiz em 2014 a pedido do presidente Lula. A presidência do PT exige dedicação integral.”
Ele defendeu que não há como combater o autoritarismo sem combater também o neoliberalismo, que classificou como “a atual fase do capitalismo”. Criticou ainda filiações em massa sem critério e defendeu campanhas permanentes de formação política. “Não podemos admitir verdadeiros arrastões de filiados.”
O primeiro turno das eleições internas do Processo de Eleições Diretas (PED) 2025 ocorre no dia 6 de julho, das 9h às 17h, nos diretórios municipais do PT em todo o país, respeitando o horário de cada região. Brasileiros filiados ao partido que residem no exterior também poderão votar para a chapa nacional e a presidência nacional.
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Reeleição de Lula
Rui Falcão destacou a reeleição de Lula como a principal meta do PT em 2026. Para isso, propõe uma “campanha quente”, com mobilização das bases e confronto direto contra a direita e a classe dominante.
“A ideia de despolarizar só nos enfraquece e não permite organizar um forte bloco social.”
Falcão afirmou que o PT precisa defender bandeiras concretas como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, isenção do Imposto de Renda para quem ganha até sete mil reais, e a taxação dos super-ricos.
Também defendeu “sem anistia para os golpistas” e cadeia imediata aos condenados por planejar a morte do presidente Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Durante a entrevista, o candidato criticou a política internacional do governo de Israel, que classificou como genocida. “Sugerimos ao presidente Lula suspender relações diplomáticas e comerciais com o governo de Bibi Netanyahu”, disse.
Falcão também ressaltou a necessidade de renovar o partido com juventude politizada e engajada. “Não basta ser jovem. É preciso formação política e entusiasmo.”
Para estimular o envolvimento da base, defende a realização de um plebiscito popular em 7 de setembro com quatro eixos: fim da escala 6×1, redução da jornada de trabalho, isenção do IR até sete mil reais e taxação dos super-ricos. Também cita a proposta de romper relações com Israel como bandeira de mobilização popular.
“O presidente Lula foi convidado a votar no plebiscito. Era importante que o nosso governo se engajasse na convocação desse processo”, defendeu.
Segundo Rui Falcão, a militância precisa ser ouvida com frequência. “Hoje temos internet e inteligência artificial. As consultas podem ser permanentes.”
Programa de governo
Para 2026, Falcão propõe que o PT apresente um programa de governo claro e transformador. Entre os pontos que defende estão:
– Enfrentamento à financeirização da economia;
– Fortalecimento do SUS e da educação pública;
– Reorganização do regime fiscal;
– Revogação de trechos da reforma trabalhista de Temer;
– Retomada da reforma agrária com foco na produção de alimentos saudáveis;
– Transição ecológica com responsabilização de grandes poluidores;
– Valorização do trabalho de cuidados realizado majoritariamente por mulheres;
– Implantação de uma política de segurança pública cidadã e desmilitarização da polícia.
“A economia dos cuidados precisa ser incluída no PIB. Muitos países já estão quantificando e remunerando esse trabalho invisível.”
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Da Redação