Governo Lula propõe nova lei com pena de até 12 anos de prisão para furto de celular

O governo federal enviou ao Congresso Nacional, nesta quarta-feira, 25, um projeto de lei com foco na repressão ao furto e à receptação de celulares. O texto, elaborado pelo Ministério da Justiça e aprovado pela Casa Civil, foi finalizado após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com sua equipe jurídica na última terça-feira, 24, segundo informou o g1.

A proposta altera o Código Penal e cria uma nova tipificação para o furto qualificado por revenda, também chamado de “furto por encomenda”. De acordo com o projeto, essa modalidade se caracteriza pela subtração de aparelho celular “em benefício de terceiro, mediante pagamento ou como parte de um negócio”. Nestes casos, a pena prevista passará de um a quatro anos (prevista para o furto simples) para dois a oito anos de reclusão, além de multa.

Outra mudança está relacionada à receptação, ou seja, a prática de adquirir, transportar ou comercializar produto de origem ilícita. O projeto propõe um aumento de pena de 33% a 50% quando a receptação envolver celulares destinados à redistribuição no mercado paralelo. O tempo máximo de reclusão, hoje fixado em oito anos, poderá alcançar até 12 anos se for comprovada a intenção de revenda.

O texto não altera as punições para o crime de roubo, definido como subtração com uso de violência ou grave ameaça. As penas continuam entre quatro e dez anos, com possibilidade de aumento de até dois terços em casos agravados, como o uso de arma de fogo.

De acordo com dados do Ministério da Justiça, o furto e o roubo de celulares estão entre os crimes que mais impactam a percepção de segurança da população. Além do valor comercial dos aparelhos, os dispositivos subtraídos frequentemente contêm dados sensíveis das vítimas, como informações bancárias, que podem ser utilizados em fraudes e golpes digitais.

O governo federal tem buscado coibir não apenas a subtração direta, mas também toda a cadeia de comercialização ilegal que se forma a partir desses crimes. Um dos exemplos mencionados por autoridades é a operação realizada pela Polícia Civil de São Paulo em fevereiro deste ano.

Na ocasião, foi desarticulado um esquema que envolvia motoladrões utilizando mochilas de entregadores para disfarçar os furtos e entregar os aparelhos a receptadores. A operação levou à prisão de suspeitos, entre eles uma mulher apontada como a principal responsável pela rede, apelidada de “mainha do crime”.

Segundo integrantes da equipe do Ministério da Justiça, a proposta legislativa visa atingir diretamente esse tipo de organização criminosa, ao ampliar o risco penal tanto para quem furta quanto para quem compra ou revende os aparelhos.

O projeto ainda precisa ser analisado pelo Congresso. A tramitação terá início pela Câmara dos Deputados e, se aprovado, seguirá ao Senado Federal. O governo busca apoio da base aliada para garantir a votação ainda neste semestre legislativo.

A proposta faz parte de um pacote de medidas que o Ministério da Justiça vem articulando com o objetivo de reduzir a criminalidade urbana. Os técnicos da pasta afirmam que a prática de furto de celulares, além de recorrente, tem servido de base para outras infrações, como o uso dos dispositivos para autenticação de transferências via Pix, falsidade ideológica e fraudes eletrônicas.

O projeto prevê ainda que, se for aprovada a nova tipificação penal, caberá à polícia e ao Ministério Público a tarefa de comprovar que o furto foi realizado com a finalidade de comercialização. Essa comprovação será necessária para aplicação da pena ampliada.

Especialistas em segurança pública afirmam que a proposta pode ter impacto sobre a cadeia de revenda ilegal de celulares, especialmente se vier acompanhada de ações de fiscalização, rastreamento de aparelhos e repressão a pontos de receptação. No entanto, a efetividade das novas penalidades dependerá da atuação integrada entre os sistemas de Justiça, segurança e telecomunicações.

De acordo com interlocutores do governo, também estão sendo discutidas medidas complementares de cunho administrativo e tecnológico, como a ampliação da integração entre operadoras de telefonia, órgãos de segurança e plataformas de bloqueio de IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), visando inutilizar rapidamente os aparelhos furtados e dificultar sua revenda.

A proposta do governo surge em um contexto de aumento nas ocorrências de crimes patrimoniais em áreas urbanas e de crescente utilização dos aparelhos celulares como ferramenta para prática de golpes eletrônicos. Segundo levantamento recente, grande parte das vítimas de crimes relacionados a celulares têm seus dados pessoais acessados indevidamente nas horas seguintes ao furto, o que agrava o dano causado.

O Palácio do Planalto avalia que o endurecimento das penas pode representar um instrumento de dissuasão, especialmente para grupos organizados que atuam com revenda de aparelhos. O projeto ainda poderá ser alterado ao longo da tramitação nas comissões e no plenário da Câmara.

Caso a proposta seja aprovada e sancionada, a legislação penal passará a contemplar penalidades mais severas tanto para quem subtrai celulares com intenção de repasse quanto para quem participa da rede de redistribuição desses equipamentos.

Artigo Anterior

Lavrov alerta sobre 3ª guerra, cita ‘Juízo Final’ e diz como Rússia se prepara para catástrofe

Próximo Artigo

Hugo Souza: Morrer na boca de um vulcão no país da ‘inovação em resgates de emergência’

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!