Blá-blá-blá e ilusões
Por Patrick Armstrong, em seu site Russia Observer
Meu Deus!, Trump fez de novo.
De uma confusão de discursos bombásticos, provocações, ostentação, produções teatrais, enganos e desvios e gestos vazios, ele criou algo. A guerra entre Israel e o Irã aparentemente está parando (por enquanto). E parte do acordo é que todos devemos concordar que o programa nuclear do Irã foi destruído, então devemos parar de falar sobre isso. (Interessante ver como essa ginástica mental é conduzida.)
Algumas pessoas cujas análises eu respeito (notadamente “Armchair Warlord” e “Simplicius”) suspeitaram de uma produção teatral desde o início (algum B2 sequer voou para lá?) e me lembrei de outros maravilhosos, espetaculares e poderosos tiros n’ água de Trump1.
Por exemplo, em 2017, o ataque barulhento e completamente ineficaz à Síria com uma reprise no ano seguinte. Inconsistências inconsistentes, eu os chamei. O ataque americano foi acompanhado pela produção igualmente teatral de Teerã hoje: aviso prévio, estrondos altos, reivindicações de vitória e não muito mais. (Mas da perspectiva de Teerã, mais alguns mísseis Patriot foram usados: quantos você acha que ainda restam no armário? 600 para serem produzidos este ano, dizem eles , mas continuam precisando de mais e mais na Ucrânia e há muito para ser substituído em Israel.)
Então, o que aprendemos?
- O Irã é muito mais poderoso do que muitas pessoas pensavam.
- Os sistemas de defesa aérea ocidentais não são muito eficazes.
- Quem diria que aqueles pequenos drones ”doritos” iranianos (de fundo de quintal, movidos a cortadores de grama) poderiam chegar até Israel?
- Mísseis hipersônicos são invulneráveis e muito assustadores.
- Teerã sabe agora quais os mísseis do seu arsenal são mais eficazes e quais os que absorvem mais eficazmente a defesa aérea inimiga e irá construir em conformidade.
- A decisão de Teerã de seguir a rota de armamento baseado em mísseis é justificada. Suvorov:” Combata o inimigo com as armas que lhe faltam “; Sun Tsu: “Evite a força e ataque a fraqueza”. “Outros notarão.”
- Israel exauriu a rede de agentes infiltrados que havia construído no Irã.
Perguntas para o futuro
- Teerã aprendeu que os Kim [Kim il-Sung e seu filho Kim Jong-un] estavam certos o tempo todo?
- Israel deveria ser o lugar onde os judeus estavam seguros; quantos se sentem assim agora?
- Israel aprendeu alguma coisa? Suas guerras têm sido travadas em segundo plano desde 1973; as pessoas não estão acostumadas a ver prédios desabados em seus bairros.
- Este é o fim de Netanyahu?
- Você acha que a OTAN está mais coesa ou menos coesa depois dessa montanha-russa de 12 dias em que cada vez que eles prestavam atenção, tinham que saudar algo diferente?
Minhas previsões.
- Os danos em Israel serão muito maiores e muito mais efetivos do que nos foi dito.
- No Irã, nem tanto.
Uma observação final.
Por 500 anos, o Ocidente acreditou que todas as melhores, as mais poderosas e sofisticadas armas estavam em seu arsenal. Isso não era verdade há algum tempo, e agora o mundo viu. Fascinou-me o fato de Israel mostrar fotos dos F14 que destruiu como se tivesse realizado algo. Aeronaves tripuladas? Isso é coisa do passado.
*Patrick Armstrong foi analista no Departamento de Defesa Nacional do Canadá, especializado na URSS/Rússia. De 1993 a 1996, conselheiro na Embaixada do Canadá em Moscou. Aposentou-se em maio de 2008 e, desde então, tem escrito sobre a Rússia e assuntos relacionados.