O tenente-coronel Mauro Cid reafirmou nesta terça-feira 24, em acareação no Supremo Tribunal Federal, que recebeu dinheiro em espécie das mãos do general da reserva Walter Braga Netto. Segundo ele, a quantia foi entregue em uma caixa de vinho lacrada, como já havia relatado à Polícia Federal.
Na audiência, que reuniu os dois militares na presença do ministro Alexandre de Moraes, Cid disse ter ouvido de Braga Netto que aquele era o montante previamente solicitado. O episódio teria ocorrido no Palácio da Alvorada.
A acareação faz parte da apuração sobre o plano Punhal Verde e Amarelo, uma proposta golpista discutida entre militares e aliados do então presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Braga Netto teria papel central na articulação do plano, sendo um dos financiadores da preparação para os assassinatos do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
O general negou qualquer repasse e acusou Mauro Cid de mentir. O advogado do general, José de Oliveira Lima, também criticou a ausência de gravação da acareação, classificando a falta de registro audiovisual como violação das garantias da defesa.
A audiência durou cerca de duas horas e faz parte de uma série de acareações solicitadas pelas defesas de réus investigados por participação na trama golpista. As sessões não estão sendo gravadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes, o que tem provocado críticas de advogados envolvidos nos processos.