Um levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas entre os dias 18 e 22 de junho indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um cenário adverso na corrida pela reeleição em 2026.

A sondagem, que contou com 2.020 entrevistas presenciais em 162 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal, foi divulgada nesta terça-feira, 24. A margem de erro da amostra é de 2,2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.

Os dados simulam possíveis disputas de segundo turno entre Lula e nomes ligados ao campo político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os confrontos analisados, Lula aparece em desvantagem numérica ou em situação de empate técnico.

Na projeção contra Michelle Bolsonaro (PL), ex-primeira-dama, ela aparece com 44,4% das intenções de voto, enquanto Lula soma 40,6%. Apesar do empate técnico dentro da margem de erro, há uma vantagem numérica para Michelle. Em confronto com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a diferença é semelhante: Tarcísio registra 43,6%, contra 40,1% do presidente.

Outros nomes do campo bolsonarista também foram testados. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aparece com 39,1%, e Lula com 41,6%, o que configura novo empate técnico. Já contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Lula marca 42,1% e Flávio, 38,4%.

Dois governadores atualmente no cargo, cotados como possíveis presidenciáveis, foram superados numericamente por Lula. No confronto com Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná, o atual presidente tem 41,2%, frente aos 37% do adversário. Em eventual disputa com Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, Lula registra 41,4% contra 33,5%. No cenário com o senador Rogério Marinho (PL-RN), a vantagem de Lula é ainda maior: 41,8% contra 31,2%.

Apesar de estar inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e sob risco de prisão por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro também foi incluído nas simulações. Ele lidera com 46,5% das intenções de voto, enquanto Lula soma 39,7%. A diferença entre os dois é de 6,8 pontos percentuais, fora da margem de erro.

Os dados de primeiro turno também foram avaliados pela pesquisa. Sem Jair Bolsonaro na disputa, Lula aparece com índices entre 33% e 34%, mantendo empates técnicos com diversos nomes bolsonaristas, como Michelle, Eduardo, Flávio e Tarcísio. Quando Bolsonaro é incluído entre os candidatos, ele lidera com 37,2%, enquanto Lula registra 32,8%.

A análise do perfil dos eleitores mostra variação de desempenho conforme região e faixa demográfica. Lula apresenta desempenho superior entre mulheres, eleitores com ensino fundamental e moradores da região Nordeste. Por outro lado, seu desempenho é inferior entre homens, eleitores de 25 a 44 anos e habitantes das regiões Sul e Sudeste, onde candidatos ligados ao bolsonarismo demonstram maior força.

A pesquisa do Instituto Paraná se insere no contexto de movimentações iniciais para a disputa presidencial de 2026, em um cenário ainda indefinido, especialmente no campo da direita, onde a inelegibilidade de Jair Bolsonaro pode alterar as composições de candidaturas. O levantamento não incluiu nomes do centro ou da chamada “terceira via”, concentrando-se em comparações diretas entre Lula e representantes associados ao ex-presidente.

O instituto informa que os dados foram coletados com base em entrevistas presenciais e que a amostra contemplou eleitores com distribuição proporcional por sexo, faixa etária, escolaridade, renda e localização geográfica, conforme os dados do Tribunal Superior Eleitoral. A margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos e o grau de confiança de 95% indicam que, em 95 de cada 100 levantamentos com a mesma metodologia, os resultados estarão dentro dessa faixa de variação.

A pesquisa ainda não abrangeu possíveis efeitos de fatores jurídicos e políticos em andamento, como as decisões pendentes no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Superior Eleitoral que envolvem atores centrais do cenário político, incluindo Bolsonaro. Tampouco considerou eventuais alianças ou fragmentações partidárias que podem alterar o quadro eleitoral até 2026.

Com os dados atuais, o cenário para a próxima eleição presidencial se apresenta indefinido, com disputas acirradas e lideranças polarizadas entre os campos de Lula e Bolsonaro, mesmo com este último fora da disputa, em tese, até o fim da década.

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Last Update: 24/06/2025