Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro. Foto: reprodução

O relatório da Polícia Federal sobre o desvio das joias aos Estados Unidos mostra conversas em aplicativos de mensagens entre bolsonaristas investigados. Os diálogos revelam momentos de tensão e preocupação com a iminente auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) no acervo presidencial. O temor era que o esquema fosse descoberto, como mostra o documento tornado público nesta segunda-feira (8).

Em uma mensagem ao assessor especial coronel Marcelo Câmara, o tenente-coronel Mauro Cid apelou: “Não caga para mim”. Câmara respondeu: “Não estou cagando soldado, nunca farei isso. Você é meu irmão de coração e de fé”. O ex-ajudante de Ordens então aliviou o tom: “Eu sei Coronel! Eu é que estou no modo 2020”.

O relatório da PF também revela que Mauro Cid e outros investigados orquestraram uma “operação clandestina” para recomprar joias vendidas nos EUA e trazê-las de volta ao Brasil. A investigação estima um desvio total de R$ 6,8 milhões.

O coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro (PL). Foto: reprodução

A contextualização das trocas de mensagens revela que os investigados estavam preocupados em reaver os bens, que poderiam ser objeto de decisão do Tribunal de Contas da União, determinando a devolução ao Estado brasileiro, que os itens do denominado “kit ouro branco” foram todos vendidos nos Estados Unidos.

O “kit ouro branco” era composto por um anel, abotoaduras, um rosário islâmico e um relógio Rolex de ouro branco. Esses itens desviados eram presentes dados por delegações estrangeiras ao governo brasileiro.

O ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro tentou utilizar a estrutura do Itamaraty nos EUA para transportar uma mala com as joias de Orlando para Miami. Ele pediu ajuda à ex-assessora de Michelle Bolsonaro, Marcela Braga, para levar a bagagem. “É, tem uma mala que eu preciso que vá lá pra, pra Miami. Não tem pressa. Não precisa ser pra agora não. Você conseguiria descer com essa mala pra mim”, disse ele por meio de áudio.

Marcela, que ocupava o cargo de vice-cônsul em Orlando e era uma das melhores amigas de Michelle, respondeu que não iria para o aeroporto e pediu que ele deixasse a mala em um hotel.

Um dos kits de joias recebidos por Bolsonaro e negociado por seus auxiliares. Foto: Reprodução

Cid reclamou da equipe do Itamaraty: “Vocês não têm um motorista pra fazer isso… Puts, pessoal do Itamaraty é enroladinho, hein? Não… Acho que pode, acho que pode sim”. As mensagens indicam que Cid não conseguiu usar a estrutura do Itamaraty para transportar a mala.

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Última Atualização: 08/07/2024