O Ministério do Trabalho adiou para maio de 2026 a entrada em vigor da nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que trata da gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A principal mudança será a inclusão obrigatória da avaliação de riscos psicossociais, como estresse, ansiedade e assédio.
Apesar da prorrogação, especialistas recomendam que as pequenas empresas comecem desde já a se preparar.
Segundo dados do INSS, mais de 472 mil afastamentos por transtornos mentais foram registrados no Brasil em 2024, um aumento de 68% em relação a 2023. Os principais diagnósticos foram ansiedade, com 141.414 casos, e depressão, com 113.604 registros.
O que muda com a nova NR-1
A atualização da norma estabelece que todas as empresas devem identificar, avaliar e gerenciar riscos psicossociais que possam afetar a saúde dos trabalhadores.
Entre os fatores a serem considerados estão o excesso de carga mental, o ambiente de trabalho hostil e episódios de assédio.
Além disso, as medidas de prevenção e acompanhamento devem ser formalizadas como parte da gestão de riscos já prevista na legislação.
Impacto para os pequenos negócios
Para micro e pequenas empresas, a exigência representa um desafio adicional. Muitas dessas organizações não possuem uma estrutura formal de recursos humanos.
Por isso, os impactos de afastamentos ou baixa produtividade tendem a ser mais significativos.
Rafael Caribé, CEO da Agilize Contabilidade, afirma que a nova NR-1 pode ser uma oportunidade para fortalecer a gestão. “A sobrecarga emocional e a ausência de ações preventivas resultam em afastamentos, rotatividade e aumento de custos. O olhar preventivo é essencial, mesmo em negócios com estrutura enxuta”, avalia.
Como as pequenas empresas podem se preparar
A recomendação de especialistas é que os empreendedores adotem medidas simples e progressivas para antecipar a nova obrigação.
Entre as principais orientações estão:
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Identificar sinais: Observar mudanças de comportamento como queda de desempenho, irritabilidade ou isolamento.
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Promover diálogo: Criar canais de comunicação aberta para tratar de questões emocionais e sobrecarga de trabalho.
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Treinar lideranças: Capacitar gestores para reconhecer riscos psicossociais e agir de forma preventiva.
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Utilizar ferramentas acessíveis: Adotar recursos como telepsicologia, treinamentos online e aplicativos de bem-estar.
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Integrar a saúde mental à gestão de riscos: Incluir os aspectos psicossociais nos processos de avaliação exigidos pela NR-1.
Benefícios para a sustentabilidade do negócio
De acordo com Rafael Caribé, os cuidados com a saúde mental geram impacto positivo no desempenho das empresas.
“Organizações que valorizam o bem-estar reduzem ausências, fortalecem a cultura interna e mantêm as equipes mais motivadas. Investir em saúde mental é investir no futuro do negócio”, destaca o CEO da Agilize.