No último dia 23, um texto completamente cínico de autoria de Claudio Lottenberg intitulado O preço da demora: lições da História e o dilema com o Irã, publicado no portal Poder 360. Presidente da CONIB, organização israelense que atua no Brasil contra os interesses do povo brasileiro e a favor do Estado genocida de “Israel”, Lottenberg é um defensor do assassinato de mulheres e crianças. O centro da matéria é uma velha canalhice sionista: usar o holocausto perpetrado pelos nazistas alemães há 80 anos, como uma carta-branca eterna para “Israel” cometer os piores crimes já vistos, o que é feito sem demora:

A entrada tardia dos Aliados no conflito, a relutância em abrir frentes decisivas mais cedo e o silêncio diante do Holocausto não foram só erros estratégicos –foram falhas éticas de proporções históricas. Interesses econômicos, medo de confronto e cálculos geopolíticos atrasaram decisões que poderiam ter salvado incontáveis vidas.

Realmente, se o interesse do imperialismo que lutou na Segunda Guerra fosse o de proteger alguma população, e não o de guerrear por colônias, e se esse interesse ainda persistisse hoje, todos deveriam entrar em guerra contra “Israel” por conta do holocausto que esse Estado está produzindo contra os Palestinos, além do morticínio no Líbano, na Síria, no Iêmen e agora no Irã, todos países bombardeados por “Israel” no último ano.

No entanto, o que Lottenberg quer é que o imperialismo entre em guerra contra o Irã. Isso se dá porque, apesar de especialistas no assassinato de mulheres, crianças, idosos e deficientes, os soldados israelenses não conseguem lidar com combatentes de verdade.

Não falamos isso somente em relação ao Irã, já que, nas três guerras contra o Hesbolá, “Israel” saiu derrotado em todas. O Estado artificial tampouco conseguiu lidar com o Ansar Alá no Iêmen e, principalmente, já deixou evidente sua impotência diante do Hamas na Faixa de Gaza.

Por conta disso, covardes e fracos como são, os sionistas atacaram o Irã, esperando que com isso o imperialismo fosse diretamente arrastado para a guerra. É interessante notar também como as matérias de hoje, com o choro desesperado dos sionistas pedindo pela ajuda dos EUA, contrasta muito com as matérias iniciais do genocídio em Gaza, em que “Israel” parecia indestrutível.

No parágrafo seguinte, Lottenberg busca atacar o Irã e pintar o país como uma ameaça a todo o mundo, mas, acaba por aumentar a simpatia da humanidade em relação ao povo iraniano:

Hoje, o mundo se vê diante de um dilema com ecos do passado. Desde 1979, o regime teocrático do Irã vem ameaçando explicitamente ‘varrer Israel do mapa’, sustentando movimentos terroristas e se posicionando como inimigo declarado do Ocidente.

Lottenberg não deixa dúvida: sua posição é implorar aos EUA para atropelarem a soberania de um país independente e bombardeá-lo. Nenhuma agressão foi cometida contra os EUA e nem contra “Israel. Tudo o que o autor tem para justificar o que defende, é que a República Islâmica teria incorrido no suposto crime de “ameaçar ‘varrer Israel do mapa’” e de ser “inimigo declarado do Ocidente”, seja lá o que for isso. É como se dissesse “o Irã está certo e não há como ‘Israel’ conviver de maneira harmônica com seus vizinhos, por isso, os EUA devem nos salvar desses bárbaros, que insistem em retaliar os nossos ataques, porém com maior poder de fogo que o nosso”.

O autor não explica por que o Irã seria “inimigo declarado do Ocidente”. O Brasil, por exemplo, jamais teve sua soberania atacada pela República Islâmica. A mesma afirmação não pode ser feita sobre “Israel”, que já orientou até mesmo a prisão de brasileiros pelo crime de viajar para o Líbano (o ainda preso político do sionismo Lucas Passos) e recentemente, sequestrou e torturou um cidadão brasileiro, o ativista Thiago Ávila.

Ainda, enquanto o Irã “vem ameaçando”, como diz o sionista, “Israel” está, efetivamente, varrendo a Palestina do mapa. Se Lottenberg não fosse um cínico e acreditasse realmente no que diz, a única conclusão lógica é que “Israel” deve ser varrido do mapa, já que a ditadura sionista sim, é comprovadamente hostil aos povos do Oriente Médio, em especial os donos das terras roubadas para a formação do enclave imperialista.

Finalmente, quem em sã consciência, depois de quase dois anos de genocídio com bombardeios em todos os hospitais de Gaza, a maioria das escolas, depois de inúmeros vídeos de assassinatos de crianças, de inúmeros vídeos de soldados israelenses vestindo roupas das mulheres que eles acabavam de assassinar e antes de demolir suas casas, ficaria contra o Irã por prometer varrer “Israel” do mapa? Os “movimentos terroristas” citados não são o Estado Islâmico, famoso por cortar a cabeça de pessoas em vídeos compartilhados pela internet.

Esse movimento, como o próprio Netaniahu admitiu recentemente, é financiado por “Israel” em Gaza para lutar contra os palestinos. Tampouco se trata do grupo terrorista que decapitou uma criança na Síria há alguns anos atrás e que, desde o final do ano passado, massacra a população síria após a derrubada de Bashar Al Assad, com ajuda de “Israel”, é claro.

Os “movimentos terroristas” citados são partidos políticos dos povos do Oriente Médio que lutam contra o imperialismo e contra “Israel” na região. O Hesbolá, por exemplo, é parte do governo do Líbano. O Ansar Alá governa o Iêmen, depois de uma guerra civil de uma década em que foram extremamente bombardeados pela Arábia Saudita.

Já as afirmações de que o Irã seria “inimigo declarado do Ocidente” são simples mentiras. O Irã nunca atacou nenhum país ocidental. O governo revolucionário, que começou em 1979, sequer começou guerra alguma, ao contrário de “Israel” que já bombardeou praticamente todos os países da região.

Além disso, o Irã é signatário do fajuto Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), utilizado pelo imperialismo para garantir que os povos oprimidos não tenham armas nucleares. O país também recebe a fiscalização periódica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), outro órgão de controle do imperialismo contra os países pobres.

Já “Israel” não faz parte do TNP nem permite vistorias da AIEA. O Estado que ocupa a Palestina também é um dos países que possuem bombas nucleares, embora não admita oficialmente, mas todos sabem e colocam o país na lista de países que possuem o armamento.

Quem é um perigo maior? Um Estado que de fato possui bombas atômicas e que bombardeia todos os países ao seu redor, além de ter um regime de apartheid e manter um genocídio contínuo contra os palestinos desde 1948, ou um país que é inimigo deste monstro e que nunca iniciou uma guerra contra nenhum outro país na história recente?

Ao longo das décadas, multiplicaram-se as evidências de que Teerã desenvolvia clandestinamente capacidades nucleares, por meio do enriquecimento de urânio em níveis incompatíveis com fins pacíficos”, diz a continuação do texto. É interessante, no entanto, que há décadas “Israel” afirma o mesmo, mas nunca comprova nada.

É comum, porém, esse tipo de afirmação. “Israel” fez o mesmo em relação ao Iraque, afirmando que o país possuía armas químicas que nunca foram encontradas, pois não existiam.

O líder sírio Bashar Al Assad, deposto ano passado, também era acusado de possuir tais armas. No entanto, seu governo caiu e as armas nunca foram encontradas.

No mais, o texto de Lottenberg é uma choradeira asquerosa, citando o holocausto judeu, sem mencionar que o Estado que está defendendo comete um holocausto da mesma maneira. Por fim, ele diz que deveríamos agradecer aos EUA por bombardear as usinas nucleares do Irã, que produzem energia elétrica para a República Islâmica.

O agradecimento, no entanto, seria por nada, pois, além de não terem causado danos profundos ao desenvolvimento energético iraniano, pois, além de manter grande parte da infraestrutura dos locais intacta, o urânio havia sido retirado dos locais com antecedência. Agora, o Irã ameaça de fato sair do TNP e impedir as vistorias da AIEA por conta da agressão norte-americana, o que é um direito legítimo da nação persa, uma nação soberana e que tem o direito de ter armas nucleares para se defender da agressão imperialista e do Estado genocida de “Israel”, que, mais uma vez, já possui esse tipo de armamento.

O texto de Lottenberg termina com:

“O cenário do Oriente Médio congrega 2 modelos de sociedade. Um pautado pelo compromisso com a democracia, com respeito à diversidade e movido pelo diálogo. O outro, em que a intolerância, o sexismo e a falta de respeito à diversidade prevalecem, é justamente aquele que pretende varrer uma sociedade do mapa. É isso que não podemos permitir.”

A menos que “compromissado com a democracia” seja uma novilíngua orwelliana para agredir países sem nenhuma provocação, a frase é uma pérola do cinismo. Fosse um retrato mais honesto da realidade, os dois cenários deveriam ser descritos da seguinte forma: um modelo de sociedade tem no genocídio e na demagogia sua principal marca, sendo um país artificial, com um povo importado e cuja existência não tem outra função além de sustentar a ditadura do imperialismo no Oriente Médio, garantindo uma base segura aos países desenvolvidos para dominarem uma região.

Um país que se declara “pautado pelo compromisso com a democracia, com respeito à diversidade e movido pelo diálogo”, mas que, na prática, assassinou cruelmente quase 20 mil crianças. Do outro, um país oprimido que enfrenta o Estado assassino de mulheres e crianças. Para um ser humano, não é uma escolha difícil realmente.

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Last Update: 24/06/2025