Imagem de drone de Juliana. Foto: Reprodução

A TV Globo repete em todos os telejornais, da manhã à noite, assim como os jornalões, que ‘condições climáticas adversas’ impedem o resgate da brasileira Juliana Marins, que caiu de um penhasco quando fazia trilha no Monte Vulcão Rinjani, na Indonésia. E ela está lá há dois dias.

Raramente falam de neblina e de frio. Falam só de condições adversas. Não informam a temperatura. Nada. No jornalismo, falar genericamente de condições climáticas adversas é não dizer nada. Aprendi na Gazeta de Alegrete.

Condições adversas existem, nessas circunstâncias, para quem está em sofrimento, mas raramente como impeditivo para socorristas. Perguntem aos bravos bombeiros brasileiros se eles refugam missões em condições adversas.

Sabemos até que drones térmicos (orientados pelo calor) localizaram a publicitária no buraco e a fotografaram. Mas os drones não fazem mais nada além disso? Não levam água. Nem um casaco ou um bilhete com um recado: vamos tirá-la daí. Drones em situações extremas só carregam bombas?

Juliana Marins durante sua viagem para a Ásia. Foto: Reprodução

Eu só fiquei sabendo da temperatura na região do monte-vulcão ao consultar no Google. Pode oscilar atualmente entre um e sete graus, informa um site. Outro diz que na ilha onde fica o vulcão a temperatura média atualmente fica em torno de 20 graus. É a informação mais importante do ambiente que ela enfrenta.

É tanta a diferença de temperatura média entre a ilha e o lugar onde Juliana caiu? Os jornais não dizem nada.

Há muito tempo o jornalismo sofre para responder às perguntas mais elementares de uma notícia. O que, quem, onde, quando, como, por que. Uma notícia hoje é um labirinto. É possível entrar, mas nunca se sabe como e quando se consegue sair.

Sabemos todos os detalhes sobre a guerra dos dois neonazistas contra Gaza e o Irã. Mas não sabemos quase nada sobre a chance de resgate de alguém que cai numa trilha e foi parar 500 metros abaixo de onde estava.

Enquanto isso, sabemos que outras pessoas seguem a mesma trilha, que continua aberta, mesmo com frio e chuva, e a brasileira está lá embaixo esperando socorro.

Uma das notícias dessa segunda-feira informava o seguinte: a falta de equipamentos adequados, como cordas longas, tem atrasado as operações. Cordas, cordas, cordas. A Indonésia não tem cordas longas.

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Last Update: 23/06/2025