
A Meta informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o perfil “gabrielar702”, no Instagram, foi criado com um e-mail vinculado ao nome do tenente-coronel Mauro Cid. Segundo os dados fornecidos, a conta está associada ao endereço [email protected], criado em 2005 com a data de nascimento de Cid, de acordo com informações do Google divulgadas pelo UOL.
A revelação foi feita após determinação do ministro Alexandre de Moraes, que ordenou à Meta a preservação do conteúdo da conta. A empresa ainda detalhou que houve troca de mensagens entre o perfil investigado e advogados ligados à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo Paulo Cunha Bueno e Eduardo Kuntz — este último advogado de Marcelo Câmara, réu no núcleo militar da tentativa de golpe de Estado.
Durante interrogatório no STF, Mauro Cid negou conhecer ou utilizar a conta em questão. Questionado por Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, sobre o perfil “gabrielar702”, Cid respondeu que Gabriela é o nome de sua esposa, mas afirmou: “não sei se a conta é dela”.
A polêmica se agravou após a divulgação de áudios atribuídos a Cid, com supostos desabafos que indicam críticas à condução da sua delação premiada. As mensagens, entregues ao STF por Eduardo Kuntz, não foram incluídas pela Meta em seu relatório.
Segundo a revista Veja, Cid teria expressado temor de ser preso novamente caso relatasse irregularidades, e afirmou que não usou o termo “golpe” em seus depoimentos — o que, segundo ele, foi uma atribuição feita pelos próprios investigadores.

O uso do perfil investigado pode configurar quebra do acordo de colaboração, já que o delator está proibido de utilizar redes sociais ou manter contato com outros investigados. Em meio à controvérsia, as defesas de Marcelo Câmara, Jair Bolsonaro e Braga Netto pedem a anulação da delação.
Após os áudios virem a público, Alexandre de Moraes determinou a prisão de Marcelo Câmara, alegando que houve tentativa de acesso, por meio do advogado, a informações sigilosas da delação. Um inquérito foi aberto para apurar possível obstrução de investigação penal.
Eduardo Kuntz justificou suas ações como parte de uma “investigação defensiva”. “Pressupõe que você queira obter informações”, disse o advogado. “Dei corda e dei linha, de forma investigativa. Não interferi, não perguntei ‘você não quer mudar o que está falando?’ Dei corda para os desabafos.”