O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou de forma veemente os recentes ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas. Durante reunião no Kremlin com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, nesta segunda-feira (23), Putin classificou a ofensiva como uma “agressão absolutamente sem provocação” e “injustificada”.

A agressão absolutamente não provocada contra o Irã não tem base nem justificativa”, declarou o líder russo, em comentários transmitidos pela televisão estatal. Putin também destacou os esforços de Moscou para ajudar o povo iraniano: “De nossa parte, estamos fazendo esforços para ajudar o povo iraniano.

As declarações refletem o crescente alinhamento entre Rússia e Irã, sobretudo após os ataques aéreos coordenados entre os Estados Unidos em apoio a Israel, que atingiram três instalações nucleares iranianas no sábado (21).

Carta de Khamenei

A visita de Araghchi a Moscou faz parte de uma ofensiva diplomática de Teerã para condenar os ataques e buscar apoio internacional. Segundo a agência Reuters, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, enviou uma carta de próprio punho a Putin, pedindo uma postura ainda mais firme do Kremlin.

Durante o encontro, Araghchi agradeceu o apoio russo e afirmou que o Irã estava agindo em legítima autodefesa. “A Rússia está hoje do lado certo da história e da lei internacional”, declarou o chanceler iraniano. Ele também transmitiu os melhores votos de Khamenei e do presidente iraniano a Putin.

Fontes iranianas ouvidas pela Reuters indicam que Teerã deseja que Moscou “faça mais” frente aos Estados Unidos e Israel, embora ainda não haja clareza sobre o tipo de apoio militar ou estratégico esperado.

Moscou evita envolvimento direto

Embora Putin tenha se oferecido para mediar negociações de paz, a Rússia até o momento tem evitado um envolvimento militar direto no conflito. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que qualquer decisão dependerá das necessidades expressas por Teerã. “Tudo depende do que o Irã precisa”, disse Peskov.

O governo russo, no entanto, não poupou críticas aos EUA. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia classificou os ataques como uma decisão “irresponsável” que viola a Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e pediu o imediato fim da agressão e o retorno à diplomacia.

Antes mesmo dos bombardeios, Moscou já havia alertado que uma intervenção militar americana poderia mergulhar o Oriente Médio em uma nova e perigosa espiral de instabilidade. Peskov reforçou a preocupação com a escalada: “Um aumento no número de participantes nesse conflito está acontecendo – ou melhor, já aconteceu. Uma nova espiral de escalada de tensão na região.”

Sem aviso prévio de Trump

De acordo com o Kremlin, o presidente dos EUA, Donald Trump, não forneceu detalhes prévios a Putin sobre os ataques planejados. “Não houve informações detalhadas”, disse Peskov, acrescentando que os dois líderes haviam discutido o Irã em conversas recentes, mas sem entrar em detalhes operacionais.

Além da condenação política, Moscou também expressou preocupação com possíveis riscos ambientais. Segundo Peskov, ainda não está claro se houve danos estruturais nas instalações nucleares iranianas ou risco de vazamento de radiação.

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Last Update: 23/06/2025