Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República – Foto: Reprodução

Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, manifestou grande preocupação com a escalada de tensão provocada pelo ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã.

“Eu nunca vi um momento tão tenso como esse”, disse o embaixador durante entrevista ao UOL.

Segundo o diplomata, o impacto dos ataques vai além do Oriente Médio e pode influenciar diretamente a guerra na Ucrânia. “É um impacto muito grande. Um momento de grande perigo. Não é só o que ocorreu no Iraque, que foi condenável. Naquele momento, ninguém temia uma guerra mundial. Hoje, eu temo”, declarou, relembrando a invasão americana ao Iraque em 2003.

Embora não veja um conflito nuclear iminente, Amorim alerta: “Dificilmente um país que tem uma arma nuclear a use contra outras potências nucleares. Acho que o grau de loucura não chegou a esse ponto. Mas pode ser uma guerra”.

O ex-chanceler mencionou a crise dos mísseis de Cuba como comparação, mas pontuou a diferença: “Naquilo, envolvia duas pessoas. Uma de cada lado. Hoje, você não controla. Tem os iranianos, os israelenses, tem aqueles que têm armas químicas. É muito complexo”.

Amorim alertou que atitude dos EUA em atacar o Irã pode ter consequências globais. “O que os americanos estão fazendo é estimular um país a chegar a uma arma nuclear. Nesse caso, o poder de retaliação seria muito grande”, avaliou.

O diplomata ainda lamentou que os Estados Unidos tenham descartado o acordo nuclear negociado há 15 anos, que contou com a mediação do Brasil. “Isso tudo poderia ter sido totalmente evitado”, disse. Segundo ele, o pacto previa o enriquecimento de urânio sob supervisão internacional. “A ideia era de Barack Obama e da AIEA. Se aquilo tivesse sido feito, com um acordo de swap, o Irã hoje não teria condições de estar produzindo urânio em 60%”, explicou.

Retaliação iraniana

O ataque dos Estados Unidos ao Irã fez com que o país, neste domingo (22), retaliasse, lançando dezenas de mísseis contra Israel.

As ofensivas atingiram Tel Aviv, Haifa e Ness Ziona, deixando ao menos 23 feridos, segundo autoridades locais.

Imagens divulgadas por agências internacionais mostram prédios severamente danificados, principalmente na região de Ramat Aviv, em Tel Aviv.

O Parlamento do Irã também aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz como resposta direta aos bombardeios.

A região é responsável pelo transporte de aproximadamente 20% do petróleo comercializado no mundo. Localizado entre o Irã e Omã, a região é considerada estratégica para o comércio internacional de energia. O bloqueio pode causar sérios impactos econômicos globais, elevando drasticamente o preço do petróleo.

Mapa com a localização estratégica do Estreito de Ormuz, rota crucial para o escoamento de petróleo do Oriente Médio – Foto: Reprodução

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Last Update: 22/06/2025