O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a entrada do país na guerra contra o Irã no último sábado (21), depois de atacar as três principais instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Isfahan. 

Segundo Trump, o objetivo do ataque foi destruir a capacidade nuclear iraniana, “para que deixem de ser uma ameaça nuclear e do terror”, ainda que não haja evidências de que o Irã tenha armas nucleares, como declarou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, instituição responsável por inspecionar o programa nuclear no país persa.

“Ou haverá paz ou haverá tragédia para o Irã. Que cessem os ataques que vimos nos últimos oito dias. Hoje foi o dia mais difícil de todos, e talvez o mais letal. Mas se a paz não vier rápido, nós vamos continuar atacando com precisão e habilidade”, continuou Trump, que ao longo da semana exigiu ainda “rendição incondicional” do Irã. 

Para justificar os ataques, Trump afirmou ainda que há 40 anos os persas repetem o lema “morte à América, morte a Israel”. Assim, agora é a vez de ambos os países “quebrarem as pernas com essas bombas”.

Linha vermelha

Os Estados Unidos cruzaram uma linha vermelha muito grande ao bombardear instalações nucleares, na visão do ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi.

Neste domingo (22), em coletiva de imprensa em Istambul, Araqchi afirmou que o ataque representa ainda  “grave violação da Carta da ONU e do direito internacional” e que o Irã convocou uma reunião de emergência com o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ministro também quer que a AIEA condene os ataques e que são irrelevantes os pedidos de diplomacia, uma vez que os EUA traíram as negociações internacionais e enganaram até mesmo a própria nação. “Aguardem nossa resposta primeiro. Quando a agressão terminar, depois poderemos decidir sobre a diplomacia.”

Além de uma nova ofensiva, o ministro afirmou que terá um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou. 

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, apontou que os ataques norte-americanos só evidenciam que Washington é que está por trás das ofensivas israelenses no Oriente Médio, depois que Israael demonstrou fraqueza. 

No entanto, os iranianos não pouparão esforços para proteger o território e a soberania nacional.  

Repercussão

António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou que a entrada dos RUA no conflito com o Irã representa uma “escalada perigosa em uma região que já está no limite — e uma ameaça direta à paz e à segurança internacional”.

“Há um risco crescente de que este conflito saia rapidamente do controle — com consequências catastróficas para os civis, a região e o mundo”, disse o secretário-geral em nota. 

“Apelo aos Estados-Membros para que reduzam a tensão e cumpram suas obrigações sob a Carta da ONU e outras normas do direito internacional. Neste momento perigoso, é fundamental evitar uma espiral de caos. Não há solução militar. O único caminho a seguir é a diplomacia. A única esperança é a paz.”

Úrsula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também defendeu a estabilidade e a diplomacia. “O Irã jamais deve adquirir a bomba. Agora é o momento para o Irã buscar uma solução diplomática confiável. A mesa de negociações é o único lugar para pôr fim a esta crise.”

Para o premiê britânico, Keir Starmer, o Irã não poderá desenvolver uma arma nuclear. “Os EUA tomaram medidas para mitigar essa ameaça. A situação no Oriente Médio permanece volátil e a estabilidade na região é uma prioridade. Apelamos ao Irã para que retorne à mesa de negociações.”

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, comemorou a decisão de Trump, que “mudará a história”. “A história registrará que o presidente Trump agiu para negar ao regime mais perigoso do mundo as armas mais perigosas do mundo.”

Já o Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos demonstrou preocupação com a tensão em curso no Oriente Médio e pediu o fim da escalada da guerra, além de apelar à ONU que contenha a crise. 

O governo do Catar informou em nota que a “perigosa tensão atualmente vivenciada na região levará a repercussões catastróficas nos níveis regional e internacional.”

Para a Rússia, Trump não ganhará o Prêmio Nobel da Paz, uma vez que apesar de se definir como um presidente pacificador, o chefe de Estado dos EUA iniciou uma nova guerra, na visão do vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev. 

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da China condenou os ataques, que violam seriamente a Carta da ONU e agravam as tensões no Oriente Médio. Assim, a China pede que os envolvidos no conflito, especialmente Israel, cessem os ataques o mais rápido possível.

Apoio

Ao atacar o Irã, Trump desrespeitou até mesmo a vontade dos que o elegeram. Uma pesquisa divulgada em 18 de junho do jornal The Washington Post apontou que 45% dos americanos eram contra a entrada do país no conflito com o Irã. Outros 25% afirmaram apoiar a ofensiva, enquanto 30% não souberam se posicionar sobre o tema.

*Com informações do G1. 

LEIA TAMBÉM:

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 22/06/2025