Em 1919 foi enviada pelo presidente norte-americano, Woodrow Wilson, a primeira comissão de inquérito para a Palestina. A comissão denominada Comissão King-Crane, partiu durante a Conferência de Paz de Paris, que dividiria o posto-otomano no Médio Oriente entre os países imperialistas vencedores da Primeira Guerra Mundial.

A comissão

A delegação composta por nove homens foi liderada pelo empresário Charles R. Crane e pelo professor de história e ministro ordenado Henry Churchill King. Sua missão seria avaliar “o estado da opinião pública ali com relação ao [Oriente Médio pós-otomano] e as condições sociais, raciais e econômicas”, subsidiando as decisões políticas da Conferência de Paz.

Em seu relatório a comissão declarava almejar “que o presidente Wilson e o povo americano possam agir com pleno conhecimento dos fatos em qualquer política que sejam chamados a adotar no futuro em relação aos problemas do Oriente Próximo — seja na Conferência de Paz ou na Liga das Nações”.

Recepção na Palestina

Após lutarem contra o império Otomano, pela promessa de independência, na Primeira Guerra Mundial, havia uma alta expectativa da população em torno das promessas do império Britânico. Essa esperança foi fomentada pelo discurso de Wilson ao Congresso, em 08 de janeiro de 1918, onde prometeu que “os interesses das populações envolvidas” seriam respeitados nos acordos pós-guerra.

Wilson ainda chegou a afirmar que as “nacionalidades que agora estão sob o domínio turco deveriam ter garantida uma segurança de vida inquestionável e uma oportunidade absolutamente tranquila de um desenvolvimento autônomo”. Assegurando para a população que a autodeterminação “não era uma mera frase”, mas “um princípio imperativo de ação”.

Esse cenário despertou um grande interesse da população palestina na Comissão King-Crane, com ampla repercussão na imprensa local. Houve uma cobertura da nomeação dos membros, e acompanhamento de suas viagens e trabalhos.

Posições como a de Akram Zuaiter, “Se os judeus vierem para nossa terra, eles não virão para coexistir e compartilhá-la conosco, mas com a intenção de nos exterminar e construir sua nação sobre as ruínas da nossa.”, mesmo quando apresentadas logicamente, em discursos fundamentados, com respeito à democracia, tinha os desejos políticos tomados de emoções consideradas inapropriadas por alguns americanos céticos.

Como foram os trabalhos da comissão?

Um dos motivos pelos quais os governos da Grã-Bretanha e França não enviaram representantes na comissão foi às expectativas da reprovação da população árabe em relação à ocupação desses dois impérios que dividem a região. Com tentativas óbvias de manipulação das gestões imperialistas.

Segundo um “assessor técnico” dos investigadores, William Yale, o governador militar britânico em Jerusalém, Ronald Storrs, exaltou-se declarando que colocaria a comissão “no bolso quando chegasse à Palestina”. Yale conduziu a comissão ao desembarcar em Jafa sem aviso aos militares britânicos, permitindo livre acesso dos investigadores.

Em Beirute, os representantes franceses apresentaram seus correligionários, mas durante a estadia, desde notáveis ​​políticos a trabalhadores, mulheres e comerciantes, foram ouvidos pela comissão.

Muitos palestinos viram os pronunciamentos de Wilson como um apoio à independência, frente às ocupações imperialistas, e tinham a Palestina como “parte natural” da Grande Síria. O Congresso Geral Sírio, reunido em Damasco, chegou a se dirigir à comissão e dizer que “não deveria haver separação da parte sul da Síria, conhecida como Palestina, nem da zona litoral ocidental que inclui Líbano, do país sírio.”

Qual foi a opinião dos palestinos?

A comissão foi reconhecida por ter registrado, com bastante fidelidade, os desejos dos moradores da região. Essas expectativas da maioria foram sintetizadas no estabelecimento de uma monarquia constitucional democrática em uma Grande Síria unificada.

Um Estado enfatizado como laico, com igualdade entre as tendências religiosas, e as minorias teriam status igualitário garantido em tal estado independente.

Com garantias de muitos na Palestina de um futuro estado, onde judeus e cristãos nativos seriam considerados cidadãos com direitos e deveres iguais. Somente haveria distinção entre sionistas colonizadores e os judeus indígenas residentes na Palestina.

O relatório da comissão

Em seu relatório a Comissão King-Crane recomendou permitir que o sionismo implantasse uma pátria nacional judaica limitada na Palestina. Outro ponto do relatório emitido pela comissão foi a recomendação de que os Estados Unidos se colocassem como potência mandatária para o novo estado sírio, que incluiria a Palestina e o Líbano.

A região acabou separada da Grande Síria, que foi igualmente distribuída às potências imperialistas sob o regime obrigatório da Liga das Nações. Com exceção somente da Palestina, entregue aos sionistas, sob proteção britânica, para estabelecimento de sua nação.

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Last Update: 22/06/2025