Na última edição do programa mais tradicional e de maior audiência da Causa Operária TV, a Análise Política da Semana, o companheiro Rui Costa Pimenta discutiu os principais acontecimentos políticos em uma semana muito agitada, tanto no Brasil quanto no mundo.
A Análise começou com a divulgação de um ato em defesa do Irã contra os ataques de Israel e do imperialismo, que ocorrerá na próxima semana, dia 28 de junho, em São Paulo. O Irã foi um dos principais assuntos discutidos no programa.
Em seguida, foi feito o convite para a 53ª Universidade de Férias, organizada pela Aliança da Juventude Revolucionária, com o tema “A Teoria Marxista da Revolução e a situação atual”, um tema da maior importância dado o agravamento da crise do imperialismo atual. O curso pode ser feito tanto presencialmente quanto pela internet, através do sítio da Universidade marxista.

Em seguida, Pimenta introduziu os últimos problemas relativos à questão da liberdade de expressão, tema presente em todas as últimas análises. De um lado, ações do PSOL, como a proposta de autoria do Chico Alencar e do Tarcísio Motta, no sentido de criminalizar a monetização de redes sociais de políticos, de outro, mais ações de Alexandre de Moraes e do judiciário. Moraes mandou investigar um juiz que libertou um condenado do 8 de janeiro e prendeu-o novamente.
Além disso, tão logo Carlos Bolsonaro se colocou como candidato ao senado, o judiciário tirou do bolso do colete o processo da ABIN paralela. Fundamental destacar que o crime da ABIN não foi investigar e vasculhar partidos de esquerda e movimentos populares e sindicais, mas sim ousar investigar Alexandre de Moraes. Outro bolsonarista, num processo que deixaria Franz Kafka abismado, foi preso por usar redes sociais.
Em seguida, Pimenta destacou o problema do banco central, com Galípolo elevando a taxa de juros para 15%. Uma política criminosa, que esfola todo o país, enquanto o governo coloca mais impostos no lombo do povo, para tapar o buraco cada vez mais fundo dos juros.
Foi discutida também a entrevista de Lula ao Mano Brown, no podcast “Mano a Mano”. A caracterização apresentada no debate é essencialmente a de que o PT trabalha como um anestesista no regime político.
O País, segue sendo mutilado pelo imperialismo, enquanto a função do partido de esquerda é basicamente dar uma aspirina ao enfermo. Por outro lado, pode-se dizer também que o “pragmatismo” do PT, o chamado “realismo político”, está aparecendo para um número cada vez maior de pessoas como o que realmente é, um beco sem saída.
Ao mesmo tempo, parece que o plano da burguesia começa a ser percebido pelo PT, embora com uma lentidão extraordinária. Setores ligados ao governo Lula estão vendo que a eliminação política do Bolsonaro não é para apoiar a reeleição de Lula, na verdade, o plano é “nem Lula nem Bolsonaro”, eleger um elemento da terceira via sem voto manobrando com esquerdistas e bolsonaristas.
A manobra pode se dar em torno de um elemento direitista, como Tarcísio, ou um falso esquerdista, por exemplo, Eduardo Paes. É preciso destacar que o cardápio da burguesia é amplo, de modo que podem aparecer outros elementos a cumprir esses papeis.
Finalmente, Pimenta destacou que não há saída puramente eleitoral. De um lado, uma derrota eleitoral do PT provocaria uma depressão na esquerda, mas mesmo uma vitória, muito incerta, levaria inevitavelmente a um governo ainda mais acuado e paralisado. É preciso mobilizar a população para lutar em outro terreno, o das ruas.
Na sequência, o dirigente do PCO entrou no problema do Irã, sem dúvidas o mais importante na conjuntura internacional. Após fazer um breve retrospecto, passando pelas recentes derrotas do imperialismo no Afeganistão, enfrentamento na Ucrânia e a luta da Resistência Palestina, Pimenta destacou que estamos em uma contra-ofensiva do imperialismo, sendo o problema do Irã uma questão central. A vitória do Irã contra o sionismo, ou até mesmo o presente desafio lançado pelos iranianos, já marca o fim de uma era, a perda do controle do imperialismo sobre o Oriente Médio.
Os planos do imperialismo e do seu cão, o Estado de Israel para o Irã envolvem basicamente duas possibilidades. Ou uma ofensiva militar aberta, com intenso bombardeio e ocupação militar do terreno, ou a derrubada do regime do Irã através da oposição interna no país. No entanto, ambas as opções são no mínimo muito complexas, para não dizer totalmente inviáveis.
Ao contrário do que pensa e propaga a esquerda pequeno-burguesa, o maior fator de crise no problema do Irã não é a esquerda ou os chamados “democráticos”. Nos EUA, a extrema-direita trumpista apresenta uma forte oposição a essa ofensiva. Elementos como Tucker Carlson, entre milhares de outros militantes trumpistas, criticam duramente a ofensiva militar contra o Irã. O que demonstra que não se trata de um problema puramente ideológico, mas dos interesses das classes sociais. Nesse sentido, o governo Trump é, como anteriormente analisado pelo partido, areia nas engrenagens do imperialismo.
Pimenta também destacou o mecanismo pelo qual o colonialismo em geral entra em crise, tendo como exemplo particular o Estado de “Israel”. Essa dominação se dá essencialmente sobre a base da superioridade tecnológica. Conforme os povos colonizados se desenvolvem cultural e tecnicamente, a dominação passa a ser insustentável.
É neste ponto que os palestinos chegaram, por isto estamos assistindo o fim do sonho sionista, deste projeto colonial. Não se pode desprezar a possibilidade de que os sionistas tentem operar uma mudança de base de operações, como, por exemplo, para a Argentina. O risco existe, mas se daria em condições muito periclitantes, o que dificultaria demais o sucesso de uma operação como essas.
Finalmente, a Análise chegou à posição da esquerda com relação ao problema do Irã, com uma discussão a respeito da posição do Tudé, partido comunista do Irã, que na realidade é profundamente reacionário. Este partido ataca abertamente o regime iraniano, justamente neste contexto, em que o país é atacado por “Israel” e reage militarmente, causando “danos inéditos ao país”.
O presidente do PCO também destacou a posição dos principais setores da esquerda nacional a respeito da questão iraniana. O que se vê é basicamente um apoio mais ou menos aberto ao sionismo e ao imperialismo, em diversas cores e formas. E com isso, terminou, chamando atenção para o ato no próximo sábado (28) em defesa do Irã em São Paulo.