
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), criticou publicamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por usar uma bandeira de Israel durante a Marcha para Jesus, realizada na quinta-feira (19), na capital paulista. Em vídeo divulgado nas redes sociais, França afirmou que o gesto foi “ofensivo” e representou uma “humilhação” aos povos de origem árabe, como libaneses e sírios, que vivem em São Paulo.
Durante a Marcha, Tarcísio foi fotografado enrolado com a bandeira de Israel ao lado do apóstolo Estevam Hernandes, uma das lideranças evangélicas do evento. O ato gerou repercussão nas redes e no meio político, especialmente após os recentes ataques israelenses ao sul do Líbano, à Síria e à Faixa de Gaza, que aumentaram a tensão no Oriente Médio.
“Fazer esse gesto apoiando alguém para humilhar esses povos é um erro grave do governador. São Paulo é um estado da federação. Não tem que se meter em guerra de ninguém”, disse Márcio França no vídeo. Ele lembrou que mais de 10 milhões de paulistas têm origem árabe e reforçou que o estado sempre foi símbolo de convivência entre diferentes culturas.
Ver essa foto no Instagram
O ministro também citou uma frase do ex-governador Geraldo Alckmin para ilustrar a diversidade cultural paulista: “Aqui, judeu casa com árabe, fala com sotaque italiano e tem um neto japonês”. França reforçou que todos os povos devem ser respeitados, independentemente de conflitos internacionais.
A assessoria de Tarcísio de Freitas informou que o governador não vai se manifestar sobre o assunto. Filho de missionária evangélica, Tarcísio é católico, mas mantém forte vínculo com líderes evangélicos e participou ativamente da Marcha para Jesus, cantando louvores e interagindo com os fiéis.
O uso da bandeira de Israel na Marcha, considerada sagrada por muitos evangélicos, reforçou o apelo religioso e simbólico do país no evento. Para esse público, Israel representa a terra santa e está associado a profecias do retorno de Jesus, o que explica a profusão de bandeiras durante a manifestação.
A Marcha para Jesus 2025 reuniu milhares de pessoas na capital paulista e contou com presença de autoridades políticas e religiosas. A polêmica envolvendo a bandeira de Israel trouxe à tona o debate sobre os limites entre manifestação religiosa, diplomacia e respeito à diversidade étnica e cultural do país.