Chamada da Folha após a morte de Francisco Cuoco. Foto: reprodução

Na tarde desta quinta-feira (19), morreu aos 91 anos o ator Francisco Cuoco. Um dos expoentes da teledramaturgia por mais de seis décadas, Cuoco recebeu do jornal Folha de S. Paulo um obituário canalha.

“Aos 80 anos, Francisco Cuoco disse que gostava de mulheres mais jovens e de assistir filme pornô”, estampava a chamada no X.

É reduzir a trajetória de um dos maiores galãs das novelas brasileiras a idiossincrasias pessoais e aspectos que nada interessam ao leitor. Não é a primeira vez que o jornal paulistano tem essa postura editorial em matérias sobre a morte de grandes artistas.

Quando Rita Lee, talvez a maior ícone feminina do rock brasileiro, morreu em 2023, a Folha fez uma chamada espúria sobre o falecimento da cantora: “Rita Lee se deixou guiar por drogas e discos voadores”, dizia o título.

Manchete da Folha após a morte de Rita Lee. Foto: reprodução

O texto a descrevia como viciada em drogas e louca, contando uma “tentativa de atear fogo num teatro” e um episódio no qual ela e Tim Maia “entraram na sala de um executivo e quebraram tudo, até discos de ouro emoldurados”.

Também há relatos escatológicos, como um episódio no Liceu Pasteur, tradicional colégio na Vila Mariana, onde fez “xixi nos sapatos deixados pelas alunas no vestiário”. Por outro lado, a matéria pouco fala da brilhante trajetória de Rita e de seu pioneirismo como vocalista dos Mutantes.

É o chamado clickbait, juntamente com pura e simples maldade.

Por ocasião da morte de Rita, diversos artistas reagiram de modo firme ao obituário da roqueira: “Não faço ideia do que aconteceu com a Folha. Parece que eles decidiram virar a Jovem Pan”, escreveu o youtuber Felipe Neto.

Leo Jaime, também roquueiro, escreveu em seu Twitter: “ Como nomear isto que a @folha está fazendo?! Qual o nome disto?! Que nojo!”. Daniela Mercury também se indgnou com o teor da reportagem: “Essa é a manchete para anunciar a morte de uma das maiores artistas brasileiras?”.

Gal Costa, Aracy Balabanian, Glória Maria também foram vítimas desse tipo de manchete caça-clique e espúria. Sobre Gal Costa, um dos maiores nomes da MPB, a Folha atacou o casamento e a orientação sexual da cantora.

Para a atriz Aracy Balabanian, a Folha utilizou a narrativa da bruxa má: “fez aborto, não casou nem teve filhos”. Vale tudo, até a difamação pela busca desenfreada pelos cliques.

 

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Last Update: 20/06/2025