O presidente Lula participou do podcast Mano a Mano, que foi ao ar nesta quinta-feira (19). Apresentado pelo ícone da música brasileira Mano Brown e pela jornalista Semayat Oliveira, Lula passou por diversos pontos de seu governo e falou de novas iniciativas nas mais de duas horas de entrevista, que pode ser acompanhada na plataforma Spotify.
De acordo com o presidente, sua obsessão continua sendo acabar com a pobreza. Para isso, tem investido em políticas de inclusão social. Dessa forma, pretende lançar três novos programas: um de crédito para reforma de imóveis; outro para financiamento de motos elétricas para entregadores de aplicativos; além de um novo programa de gás de cozinha voltado à família de baixa renda.
Avaliação do governo
O presidente não se esquivou de falar sobre as pesquisas de avaliação de governo divulgadas nas últimas semanas que apontaram queda na avaliação positiva da sua gestão.
Para ele, os resultados acontecem pois o governo tem falhado na comunicação por não conseguir comunicar efetivamente as entregas realizadas à população. Somado a isto, Lula explica que os dois primeiros anos desse governo tiveram poucas entregas, uma vez que foram anos dedicados à reconstrução do Estado desmontado na gestão Bolsonaro. Assim, espera que a avaliação melhore ainda neste ano com mais realizações anunciadas.
Eleições 2026
Com a antecipação do jogo político para as eleições 2026, Lula já havia afirmado sua intenção de ser pré-candidato em busca da reeleição, que pode lhe garantir um quarto mandato presidencial.
Para isso, diz que colocará todo seu vigor para impedir o retorno da extrema direita ao poder: “Se depender do meu esforço físico, da minha consciência política, a extrema direita não volta a governar esse país, pode ter certeza disso”.
Ao citar os nomes da oposição que ventilam lançar candidatura, o presidente ainda afirmou que: “se eu for candidato, é pra ganhar as eleições”.

Economia
Na questão econômica, que tem sido um dos principais pontos de entrave na relação com o Congresso Nacional, o presidente revelou que houve necessidade de reconstrução após o desastre herdado da gestão Bolsonaro e que seu governo tem entregado crescimento econômico consistente.
“Colocamos esse país de pé. Sabe quanto tempo fazia que esse país não crescia acima de 3%? A última vez foi em 2011. Quando eu deixei a Presidência, estava crescendo a 7,5%. Depois, caiu para 3%. Só voltou a crescer acima de 3% agora que eu voltei. Crescemos 3,2% em 2023, crescemos 3,4% em 2024, e vamos continuar crescendo”, aponta Lula.
Sobre os descontos irregulares por associações fraudulentas feitos nas contas de aposentados e pensionistas do INSS, o presidente lembra que o problema começou no governo anterior. Ele ainda é categórico ao dizer que foi agora, na atual gestão, que os desvios foram descobertos e os valores serão restituídos antecipadamente aos lesados.
“Estamos investigando essas pessoas. Essas pessoas certamente serão presas, essas pessoas, as entidades que cometeram o erro, vão ter que perder o seu patrimônio e nós vamos usar esse patrimônio para pagar os aposentados. Como a gente não pode esperar, nós vamos antecipar o pagamento para os aposentados. Vamos pegar as pessoas que foram inocentes, não assinaram para descontar e foram descontados, vamos assumir a responsabilidade de pagar e vamos pagar o mais rápido possível”.
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Quanto à isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, o presidente indica que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca alternativas para compensar a arrecadação.
“O IOF do Haddad não tem nada de mais. O Haddad quer que as bets paguem Imposto de Renda, que as Fatecs paguem imposto de renda, que os bancos paguem imposto. Não é imposto de renda, é pagar um pouquinho só, para a gente poder fazer a compensação. Porque toda vez que a gente vai ultrapassar o arcabouço fiscal, a gente tem que cortar do orçamento”, defende.
Geração de empregos
Também foram tratados os bons resultados na questão do emprego. Como colocado, a retomada do crescimento econômico tem sido respaldada pela queda expressiva na taxa de desemprego. De acordo com o IBGE, o resultado no trimestre até abril de 2025 ficou em 6,6%, a menor taxa da série histórica para o período desde quando a medição começou em 2012.
“O que as pessoas pensam é o seguinte: cabe a mim devolver ao povo aquilo que é a confiança que o povo depositou em mim. E eu tenho que devolver aquilo com a mensagem política correta e com os benefícios e as aspirações que o povo quer. É preciso o povo ter dinheiro para poder comprar as coisas, senão as coisas não funcionam”, destaca Lula.
Segurança Pública
Sobre segurança pública, o presidente explica que o governo federal tem se empenhado para uma maior integração com os estados, responsáveis pela polícia civil e militar.
“Nós fizemos uma PEC, mandamos uma emenda constitucional definindo o papel do Governo Federal na questão da segurança pública. Nós queremos participar mais ativamente com a Polícia Federal, nós queremos participar mais ativamente com a Polícia Rodoviária Federal, nós queremos participar mais ativamente com a Força Nacional de Segurança Nacional para que a gente possa interceder no combate à violência, mas que a gente possa interceder para antecipar a existência da violência”, afirma Lula.
Educação
Quando questionado sobre educação, o Pé-de-Meia e a escola de tempo integral foram salientados como programas fundamentais para diminuir a evasão escolar.
“Eu quero que a molecada saiba o que é o programa Pé-de-Meia. Eu quero que a meninada saiba o que é a escola de tempo integral. O Pé-de-Meia é um programa educacional que livra a meninada de 14, 15, 16 anos da violência. Ela vai ficar na escola, não vai ficar na rua. A escola de tempo integral é um jeito fantástico de você tirar a meninada da rua e dar tranquilidade aos pais, que vão poder trabalhar sabendo que a molecada está dentro de uma escola, aprendendo humanas, exatas, aprendendo cultura, aprendendo o que quiser. Ao mesmo tempo, nós temos um programa de alfabetização da sociedade brasileira até o segundo ano de escolaridade. Porque o Brasil tem praticamente 68 milhões de pessoas que não conseguiram terminar o ensino fundamental ou que só têm o fundamental.”

Meio Ambiente
Um dos pontos tratados foi o meio ambiente e a presidência brasileira na COP30, que acontece em novembro, em Belém, no Pará.
Conforme o presidente, o debate trazido para a Amazônia será determinante para o futuro do planeta. Nesse sentido, o Brasil tem se posicionado como um dos principais interlocutores na proteção do meio ambiente e em políticas de combate às mudanças climáticas.
Nesse processo, o país mantém sua iniciativa de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e na articulação por um maior financiamento junto aos países desenvolvidos para superar 1 trilhão de dólares em doações para o combate às mudanças climáticas
“Essa COP aqui no Brasil vai ser a COP da verdade. Nós queremos saber se os chefes de Estado estão querendo ou não cuidar do planeta. Porque não é só cuidar da floresta, é cuidar dos oceanos, também. Então, a primeira coisa é a seguinte: os chefes de Estado vão ter que dizer: Vocês acreditam na ciência ou não acreditam? Vocês acreditam que o mundo está passando por um processo sério ou não acreditam? Porque se acreditar, nós temos que salvar.”
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Sobre a polêmica quanto à exploração de petróleo na margem equatorial, que pode ter impacto na Foz do rio Amazonas, o líder brasileiro defendeu os estudos de viabilidade pela Petrobras na região.
Como aponta, outros países já tem retirado recursos da área e o resultado da eventual exploração pode propiciar a tão almejada transição energética.
“Nós estamos vendo a Guiana explorar petróleo ali, o Suriname ali perto. Como se explica o Brasil deixar de fazer pesquisa para saber se tem petróleo? Nós temos uma empresa que é uma das empresas mais modernas e quem tem mais especialidade em prospecção em águas profundas. Você não conhece, na história, nenhum desastre da Petrobras. Ora, por que que a gente não pode explorar essa riqueza nossa, para que a gente possa fazer outra riqueza acontecer, que é a transição energética?”, questiona.
*Com informações Planalto e EBC