Igor Carvalho de Lima

O propósito da pesquisa qualitativa é descobrir o que o segmento pesquisado tem em mente. É realizada para que se possa ter uma ideia de suas perspectivas, ajudando a compreender o escopo e a complexidade do processo decisório e, ainda, as preocupações dos eleitores.

Os dados qualitativos são coletados visando o melhor conhecimento dos aspectos que não podem ser observados diretamente pelo método quantitativo. Sentimentos, pensamentos, intenções e comportamentos são alguns quesitos que não são mensuráveis quantitativamente. A pesquisa qualitativa não só abarca tais quesitos como também permite maior segurança na elaboração do instrumento de coleta de dados a ser utilizado na fase quantitativa.

Ao contrário da pesquisa quantitativa, que pretende ser conclusiva e alcançar a regularidade do fenômeno estudado, a pesquisa qualitativa enfatiza a particularidade ou especificidade do fenômeno a ser observado. Desse modo, a pesquisa qualitativa é exploratória e procura analisar os significados que informam as ações dos indivíduos, as formas com que eles constroem suas vidas e suas relações sociais. Para isso, a pesquisa qualitativa se serve de mecanismos interpretativos com o intuito de descobrir relações e significações (manifestas, latentes ou ocultas).

Resumindo, os números das pesquisas quantitativas fotografam um momento, mas não descrevem o que se passa por trás destes resultados. Está aberta a temporada de pesquisas qualitativas, aquelas que realmente atuam, longe dos holofotes, para decidir as eleições 2026. Os grupos de discussão ou de foco têm uma capacidade de segmentação notável. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde o investimento em qualitativa nas campanhas presidenciais é vultuoso, chegaram a realizar grupos de freiras de uma determinada região para retirar elementos capazes de diferenciar o discurso.

No ano que vem aqui no Brasil, além das divisões demográficas, um crivo óbvio seria o eleitor de esquerda e de direita. Mas uma campanha conseguirá vantagem competitiva somente se extrair informações que vão além destes segmentos básicos. Em eleições anteriores, poderíamos citar diversos casos de candidatos ou pré-candidatos que largaram com 60% de intenção de voto nas quantitativas e não conseguiram concretizar a vitória nas urnas. De fato, o conforto da vantagem percentual torna-se volátil, caso não venha acompanhado de planejamento de pesquisas qualitativas assertivo e bem específico. Enfim, para o pleito de 2026 larga na frente quem conseguir transformar dados em estratégia. (Foto/reprodução internet)

Igor Carvalho de Lima – Dono do Instituto Viva Voz, mestre em administração mercadológica e marketing, com especialização no comportamento do consumidor e do eleitor.

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Last Update: 20/06/2025