
O britânico Ministério do Interior determinou que Guilherme Serrano, 11 anos, filho de um casal de brasileiros que vive legalmente no Reino Unido, deixe o país. O irmão mais novo, Luca, de 8 anos, também deve ser deportado, embora ainda aguarde decisão final. Nascidos nos Estados Unidos e residentes no Reino Unido desde 2019, os irmãos não falam português e nunca moraram no Brasil.
Os pais, Ana Luiza Cabral Gouveia, enfermeira, e Hugo Barbosa, professor sênior na Universidade de Exeter, têm autorização para viver e trabalhar no país. Após o divórcio, Ana conquistou um visto próprio em 2022, mas ainda não completou os cinco anos exigidos para pedir residência permanente. Hugo, que já cumpre esse requisito, teve seu pedido aceito — mas o das crianças, negado.

Em carta enviada em 4 de junho, o governo alertou que, caso permaneça no país de forma irregular, Guilherme poderá ser preso, processado, impedido de trabalhar ou até de alugar um imóvel no futuro. A negativa foi justificada pela ausência de “razões sérias e convincentes” para manter o garoto no país, apesar de ele viver há mais de metade da vida em território britânico.
Hugo recorreu com apoio de um advogado, argumentando que a remoção das crianças traria impacto severo à vida social e educacional delas, por não dominarem o português nem conhecerem a cultura brasileira. Ainda assim, o governo respondeu que “a interrupção da vida familiar é proporcional ao controle imigratório”.
Segundo a legislação britânica, crianças que vivem por sete anos consecutivos no país podem solicitar residência permanente. Isso só acontecerá, no caso dos irmãos Serrano, em janeiro de 2026. O Ministério do Interior ainda não comentou o caso, revelado pelo jornal The Guardian.