Nesta semana, fortes chuvas voltaram a cair no Rio Grande do Sul, alagando cidades e trazendo de volta a dolorosa lembrança de 2024, ocorrida há pouco mais de um ano. Ao menos 86 municípios sofreram danos e duas mortes foram confirmadas no município de Candelária até a noite desta quarta-feira (18), conforme a Defesa Civil do estado.
Também há o registro de quase 1,2 mil pessoas em abrigos, outras 1,5 mil desalojadas e uma pessoa desaparecida no município de Nova Petrópolis.
As bacias do Caí e do Taquari, e os municípios da região, são monitorados pelos níveis elevados dos rios. A estimativa para o Rio Caí é de que alcance 13 metros, o que já é considerado expressivo uma vez que a cota de inundação é de 10,5 metros. Nas enchentes do ano passado, o rio chegou a 17 metros.
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No Taquari a preocupação se volta a cidades que foram devastadas pelas enchentes de 2024: Lajeado, Estrela, Santa Tereza, Encantado e Muçum.
Porto Alegre também está em alerta e registrou, ao menos, 14 pontos de alagamento durante esta semana. A previsão do tempo até sexta-feira (20) indica atenção para todo o estado, em especial, as regiões Noroeste, Norte, Nordeste, Serra e Litoral Norte. São esperadas chuvas diárias acima de 100 mm, incluindo para a capital, onde Guaíba pode alcançar a cota de alerta ao chegar a 3m50cm, a apenas 10 centímetros da cota de inundação pela régua de medição da Usina do Gasômetro, segundo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Na quarta-feira, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional reconheceu a situação de emergência em três cidades gaúchas por “chuvas intensas”, Cachoeira do Sul, Nova Esperança do Sul e Quaraí, assim como o município de Dona Francisca por “enxurrada”.
Chama a atenção que na mesma portaria, outros quatro municípios gaúchos também tiveram reconhecida a situação de emergência, mas, nesses casos, por “estiagem”, são eles: Casca, Eldorado do Sul, Mampituba e Sertão Santana.
Este alarmante cenário revela como as mudanças climáticas têm acentuado desastres de diferentes maneiras em territórios próximos, o que pede medidas urgentes de mitigação de seus efeitos e preparação para catástrofes.
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Segundo o ministério, agora as prefeituras dessas cidades podem solicitar recursos do governo federal para ações de defesa civil (compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza residencial, higiene pessoal e dormitório, entre outros).
Ainda, de acordo com a pasta, “até o momento, o Rio Grande do Sul tem 331 reconhecimentos vigentes de situação de emergência, sendo “307 por estiagem, 13 por chuvas intensas, cinco por vendaval, três por queda de granizo e três por enxurradas”.

Desastre climático
Em 2024, na considerada “a maior catástrofe climática” do país, 478 municípios gaúchos de um total de 497 foram atingidos, o que representa 96% das cidades. A Defesa Civil calculou que 2,4 milhões de pessoas foram atingidas, sendo que mais de 600 mil tiveram de deixar suas casas. As vítimas fatais foram 184 pessoas, e 25 desaparecidas.