Após forte pressão de deputadas gaúchas, finalmente o governador Eduardo Leite (PSD) sinalizou a possibilidade de recriar a Secretaria Estadual de Política para as Mulheres. A reivindicação é antiga, mas ganhou força após o Rio Grande do Sul vivenciar uma série de feminicídios, os quais se intensificaram em abril.
Tal sinalização ocorreu durante reunião entre uma comitiva de deputadas e o governador nesta quarta-feira (18). O grupo cobrou medidas urgentes de enfrentamento à violência contra a mulher e, em especial, os feminicídios.
O encontro ocorreu a partir de uma solicitação da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do RS, que tem à frente a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB). “O Rio Grande do Sul vive uma onda de feminicídios. Somos o quinto estado que mais perde mulheres por este tipo de crime e é imprescindível que sejam pensadas ações articuladas pela proteção dessas vidas”, disse a parlamentar.
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Ela salientou a importância de que o RS volte a ter uma secretaria especial focada nas mulheres, como teve há mais de dez anos, com orçamento e estrutura que possibilitem a coordenação de ações interseccionais, bem como a implantação de políticas públicas para esse público.
Na reunião, foi entregue moção pedindo a recriação da secretaria, assinada por 50 deputados estaduais, entre os quais estava toda a bancada feminina. Após o encontro, Leite disse que o pleito seria analisado. Um próximo encontro foi agendado para terça-feira (24).
Além de Bruna Rodrigues, participaram da reunião as deputadas estaduais Adriana Lara (PL), Delegada Nadine (PSDB), Eliana Bayer (Republicanos), Kelly Moraes (PL), Luciana Genro (PSOL), Patrícia Alba (MDB), Silvana Covatti (PP), Sofia Cavedon e Stela Farias (ambas do PT). Também esteve presente a deputada federal Franciane Bayer (Republicanos), representando a Comissão Externa sobre os Feminicídios ocorridos no Estado do Rio Grande do Sul.
Realidade alarmante
O RS vive um momento dramático no que diz respeito à violência de gênero. Somente no feriadão da Páscoa, dez mulheres perderam a vida em casos de feminicídio. A série de crimes fez com que os números saltassem 1.000% no mês de abril entre um ano e outro: em 2024, havia sido registrado um caso; em 2025, foram 11, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.
Casos mais recentes confirmam a tendência macabra envolvendo assassinatos de mulheres: em maio, outra gaúcha foi vítima de feminicídio, na cidade de Três Coroas. E nesta terça-feira (16), a vereadora Eliane Rodrigues dos Santos, 49 anos, do PT de Formigueiro, foi encontrada morta a facadas — o caso ainda está sob investigação, mas a polícia descarta latrocínio e diz que o crime deve ter sido cometido por alguém próximo à vítima.
(PL)