Cid de Braga Netto" articulava estratégias golpistas nos bastidores
O coronel da reserva Flávio Peregrino, ex-assessor do general Walter Braga Netto. Foto: Reprodução

O coronel da reserva Flávio Peregrino, ex-assessor do general Walter Braga Netto, afirmou em uma mensagem de texto que teve acesso à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, quando o conteúdo ainda era sigiloso. A declaração consta em um relatório da Polícia Federal (PF) enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (19).

De acordo com a PF, a mensagem foi localizada no celular de Peregrino, apreendido em dezembro de 2024, no mesmo dia em que Braga Netto foi preso preventivamente por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

No diálogo, o coronel menciona ter recebido documentos relacionados à delação de Cid durante a campanha eleitoral de 2022, quando Braga Netto era candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro.

A conversa ocorreu em 26 de novembro de 2024, data em que a PF divulgou seu relatório final sobre a investigação dos atos golpistas de 8 de janeiro. O nome do interlocutor foi mantido em sigilo pelas autoridades.

“Eu, como assessor na campanha, recebia muitos documentos que circulavam por diferentes pessoas e eram entregues como sugestão para as autoridades, no caso o General como vice. No caso da delação especificamente, acredito que alguém teve acesso e já me passou as informações. Creio que foi durante o período que estávamos tendo as CPMI do 8 de janeiro e, de alguma forma, estávamos preparando os argumentos e defesa, caso houvesse a convocação”, escreveu Peregrino.

Segundo o relatório da PF, a mensagem é tratada como indício de que Peregrino e Braga Netto tiveram conhecimento prévio do conteúdo da delação de Mauro Cid. A suspeita é de que o material tenha sido utilizado para montar uma estratégia de defesa, caso o ex-ministro fosse convocado por alguma das comissões parlamentares de inquérito em andamento à época.

Peregrino disse acreditar que o episódio ocorreu em 2023, período em que as CPIs investigavam os ataques de 8 de janeiro.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, chega à sede da Polícia Federal para prestar depoimento, em 2024. Foto: Reprodução

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 19/06/2025