Em artigo publicado no portal Rede Voltaire (Voltaire Net), o analista Thierry Meyssan expõe o real motivo por trás das atuais agressões contra o Irã, feita por “Israel” e com apoio ativo dos Estados Unidos e demais países imperialistas.

Meyssan aponta que a justificativa dada pelo sionismo e pelo imperialismo, de que o Irã estaria desenvolvendo/querendo desenvolver armas nucleares e que isto seria uma ameaça ao mundo, não passa de um pretexto para justificar agressão por meio dos órgãos de imprensa do imperialismo.

Ele demonstra que é um pretexto ao expor que o Irã é agredido pelo imperialismo há mais de um século e pelo sionismo desde que o Estado de “Israel” surgiu.

Meyssan cita um genocídio que ocorreu no Irã na época da Primeira Guerra Mundial: entre os anos de 1917 e 1919, “entre 6 a 8 milhões de pessoas morreram de fome, numa população de 18 a 20 milhões de habitantes, ou seja, entre um quarto e um terço dos iranianos”.

Qualificado por ele como “mais importante genocídio da Primeira Guerra”, estas mortes decorreram de uma fome causada pela ocupação do imperialismo britânico, ocupação que foi feita sobre “um fundo de rivalidade com os Bolcheviques e os Otomanos”.

A opressão do imperialismo britânico contra o Irã continuou na década que se seguiu, quando o Reino Unido impôs ao país o ditador Reza Chah (1925-1941), oficial militar. Como é prática do imperialismo se livrar de seus lacaios quando não são mais úteis, em 1941, o imperialismo britânico, na conjuntura da Segunda Guerra Mundial, colocou seu filho, Mohammad Reza Pahlevi (1941-1979) como novo ditador contra o povo iraniano.

Conforme apontado por Meyssan, “por trás destas cortinas, eles pilharam o petróleo do país”. Isto ficou mais evidente após Mohammad Mossadegh, que foi escolhido pelo Xá (Pahlevi) como primeiro-ministro, ter nacionalizado o petróleo iraniano.

Para manter o controle sobre esta que é a principal riqueza mineral e fonte energética no mundo, o imperialismo britânico, junto com o imperialismo norte-americano, realizaram a chamada Operação Ajax, uma espécie revolução colorida que, no âmbito local, foi liderada pelo próprio Reza Pahlevi (o Xá).

No lugar de Mossadegh, os britânicos colocaram um colaborador dos nazistas como primeiro-ministro: General Fazlollah Zahedi. Meyssan aponta que “Londres contava com ele para impor a ordem” e que, em razão disto, ele recuperou antigos nazistas para formar uma polícia secreta, bem como recebeu várias centenas de sionistas enviados por Yitzhak Shamir (que trabalhava então no Mossad) para os enquadrar. Shamir eventualmente veio a se tornar primeiro-ministro de “Israel”, por duas vezes, pelo partido Likud, partido de Benjamin Netaniahu.

Conforme destacado por Meyssan, “pode-se sempre recordar os horrores da Savak, a mais terrível polícia secreta à época no mundo, no museu que lhe é dedicado em Teerã”. No vídeo abaixo, o portal de comunicação The Grayzone mostra o museu em que os crimes da Savak são retratados:

A ditadura do Xá do Irã, lacaia do imperialismo, e sua Gestapo, a Savak, duraram quase 40 anos, durante os quais a população iraniana foi sujeita à mais brutal repressão.

Ela só foi derrubada em 1979, com a Revolução Iraniana, que levou ao poder o clero xiita, liderado pelo revolucionário Ruhollah Musavi Khomeini (o aiatolá Khomeini), que expulsou o imperialismo do Irã e impulsionou a luta anti-imperialista em todo mundo. Na tentativa de afogar a revolução em sangue, o imperialismo se utilizou do Iraque sob Saddam Hussein, dando início à Guerra Irã-Iraque.

A guerra do imperialismo contra o Irã, utilizando o Iraque como bucha de canhão, resultou na morte de mais de um milhão de pessoas. Mas o imperialismo acabou derrotado.

Sem nunca conseguir derrotar a Revolução Iraniana, o imperialismo e seu capacho, o sionismo, vêm atacando o Irã cada vez mais ao longo dos anos, sempre utilizando a farsa de que o país persa estaria próximo de construir bombas atômicas e destruir todo mundo. 

Nesse sentido, o analista Meyssan explica que “a partir da invasão anglo-saxónica do Iraque, em 2003, supostamente devido ao seu papel nos atentados do 11 de Setembro de 2001, Londres e Washington começaram a espalhar rumores sobre uma pretensa arma nuclear iraniana, tal como tinham feito sobre as supostas armas de destruição maciça do Iraque”, e que “estas intoxicações desembocaram na votação das Resoluções 1737 (23 de Dezembro de 2006) e 1747 (24 de Março de 2007) do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

Meyssan aponta que “o chefe da Oposição israelense, Benjamin Netaniahu, apropriou-se desta propaganda. Durante vinte e cinco anos, ele não irá parar de denunciar a fabricação ‘iminente’ de uma bomba atômica iraniana, mesmo quando Teerã apresenta nas Nações Unidas uma proposta de resolução para criar ‘uma zona isenta de armas nucleares no Oriente Médio’”. Veja, abaixo, vídeos do genocida Benjamin Netaniahu utilizando este pretexto ao longo dos anos:

 

Tendo exposto que a questão de que o Irã está prestes a construir arma nuclear é um pretexto para que o imperialismo, seja diretamente, seja através do sionismo, realize agressões e promova guerras para subjugar o país, semelhantemente ao pretexto de “armas de destruição em massa” utilizado para justificar a invasão do Iraque; Meyssan aponta que a principal razão para o mais novo ataque de “Israel” ao Irã, desatado no último dia 13, foi o fato de a inteligência iraniana ter obtido gigantesca quantidade de informações sigilosas do Estado de “Israel”, indo desde endereços de autoridades, passando por documentos sigilosos do Mossad, até informações sobre o programa nuclear clandestino israelenses.

Em 7 de Junho, Esmaïl Khatib, Ministro iraniano da Inteligência, tornou pública uma operação dos seus Serviços Secretos. Estes tinham conseguido apoderar-se de documentos confidenciais sobre o programa nuclear israelita, exatamente como a Mossad havia conseguido, em Abril de 2018, apoderar-se de documentos iranianos sobre suas pesquisas nucleares”, informou Meyssan. Leia abaixo matéria que foi publicada por este Diário:

Inteligência iraniana obtém documentos secretos sionistas

No dia 12 de junho, o Conselho de governadores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) – sob a direção de Rafael Grossi – aprovou resolução para estabelecer novas sanções contra o Irã, que provocariam prejuízo bilionário à economia do país. O pretexto dado: de que o país persa não teria observado diretriz do programa Plano de Ação Conjunto Global.

Meyssan destaca, então, que os primeiros documentos israelenses apreendidos pelo Ministério iraniano de Inteligência colocaram em dúvida a neutralidade do Argentino Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, pois revelaram que ele repassa a “Israel” informações sigilosas do Irã. Leia matéria sobre isto publicada por este Diário quando das revelações:

Documentos revelam que AIEA está a serviço de ‘Israel’

O analista, então, expõe sua conclusão, informando que “no dia seguinte à publicação dos documentos apreendidos pelo Irã, Telavive atacava o Irã. Ora, foi o mesmo comportamento, exatamente, como durante a guerra contra o Líbano, em 2006. Em que Israel fingiu agir com o pretexto de vários dos seus soldados terem sido capturados pelo Hesbolá. Na realidade, interveio para parar as investigações da polícia, e da justiça libanesa, sobre uma vasta rede de espionagem e de terrorismo israelense no Líbano”.

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Last Update: 19/06/2025