No Manifesto do Partido Comunista (1848), Karl Marx e Friedrich Engels ensinam que a história da humanidade é a história da luta de classes sociais. Desde os tempos antigos, opressores e oprimidos sempre estiveram em lados opostos, travando uma luta incessante. Esta luta, por sua vez, sempre conduziu a humanidade a uma revolução na ordem social.

A sociedade moderna — a sociedade burguesa — é ela própria o resultado de uma revolução, que pôs abaixo a sociedade feudal.

Durante a Idade Média, a maior parte da população europeia vivia no campo, trabalhando como servos nos feudos. Esses trabalhadores, embora não fossem escravos, estavam presos à terra dos senhores feudais e deviam obrigações como pagamento de tributos e prestação de serviços. No entanto, a partir do século XI, houve um crescimento populacional e uma série de inovações agrícolas que aumentaram a produção e geraram excedentes. Isso impulsionou o comércio e reativou rotas comerciais, dando origem às feiras e aos burgos — núcleos urbanos que começavam a se desenvolver em torno de castelos, mosteiros e cruzamentos de rotas.

Muitos servos passaram a abandonar os feudos em busca de melhores condições de vida nesses centros emergentes. Em algumas regiões, havia a prática conhecida como “o ar da cidade liberta”, que permitia que um servo se tornasse livre após viver por um ano e um dia em um burgo sem ser reclamado por seu senhor.

Assim, ex-servos passaram a atuar como artesãos, pequenos comerciantes e trabalhadores livres, formando a base populacional das novas cidades. Sobre esta base, surgiria a burguesia, constituída por comerciantes mais prósperos, donos de oficinas e banqueiros.

Em seu início, a produção nas cidades era dominada pelas corporações de ofício — associações de artesãos que pertenciam a um mesmo ramo de atividade, como ferreiros, padeiros, carpinteiros, alfaiates, e que funcionavam com regras rígidas. As corporações controlavam quem podia exercer determinado ofício, como os produtos eram feitos, quanto custavam e em que quantidade poderiam ser produzidos. Esse sistema protegia a qualidade dos produtos e os interesses dos mestres artesãos, mas, ao mesmo tempo, limitava o crescimento econômico, a inovação tecnológica e a ampliação da produção.

Com a intensificação do comércio, principalmente após as Grandes Navegações nos séculos XV e XVI, com a descoberta da América e a volta ao mundo pela África, o cenário econômico europeu se transformou profundamente. O surgimento de novas rotas marítimas, o contato com outras partes do mundo e a expansão dos mercados consumidores criaram uma demanda crescente por produtos que o modelo artesanal das corporações de ofício já não conseguia atender. Era necessário produzir mais, em menos tempo e com custos menores. Foi assim que surgiu a manufatura, um novo tipo de organização produtiva que rompeu com os limites da produção artesanal tradicional.

A manufatura representou um avanço significativo no sentido de aumentar a escala e a eficiência da produção. Nela, o trabalho era concentrado em grandes oficinas, sob o controle de um proprietário (industrial de médio porte) que financiava a matéria-prima, organizava a produção e contratava trabalhadores assalariados. Ao contrário do artesão que dominava todo o processo de produção, na manufatura o trabalho era dividido em etapas, e cada trabalhador executava apenas uma parte específica da tarefa. Essa divisão do trabalho permitia uma produção mais rápida e em maior quantidade, ainda que fosse feita manualmente, sem o uso de máquinas complexas. 

Mas os mercados continuaram a crescer, e a demanda continuou a aumentar. A manufatura também se tornou insuficiente. Então, o vapor e as máquinas revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna substituiu a manufatura. Em vez dos industriais de médio porte, surgiram os milionários da indústria, os burgueses modernos.

A grande indústria criou o mercado mundial, algo que a descoberta da América já havia iniciado. O mercado mundial impulsionou o comércio, a navegação e as comunicações terrestres. Isso, por sua vez, estimulou a expansão da indústria. Na mesma medida em que a indústria, o comércio, a navegação e as ferrovias se expandiam, a burguesia se desenvolvia, multiplicava seus capitais e relegava todas as classes tradicionais da Idade Média a um segundo plano.

A burguesia moderna é, portanto, o resultado de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de revoluções na forma de produzir e de se relacionar economicamente.

O papel da burguesia na destruição da sociedade medieval será discutido na 53ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO), realizado em conjunto com o Acampamento da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) entre os dias 6 e 13 de julho.

O curso, intitulado A teoria marxista da revolução, será ministrado pelo presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, e é aberto a todos os interessados. Inscreva-se já, basta acessar unimarxista.org.br.

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Last Update: 19/06/2025