O coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro – Foto: Reprodução

O coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, foi preso nesta quarta-feira, 18 de junho, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A decisão atendeu a um pedido da Polícia Federal, que apontou que Câmara descumpriu medidas judiciais e tentou acessar informações sigilosas da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.

Câmara, que integrou a equipe mais próxima de Bolsonaro durante o governo, foi autorizado em 2024 a cumprir prisão domiciliar com restrições, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais e de manter contato com outros investigados. Segundo a PF, ele violou essas regras ao manter comunicação indireta com Mauro Cid por meio de um perfil de terceiros no Instagram, identificado como “GabrielaR702”.

As mensagens, reveladas por seu advogado, Eduardo Kuntz, continham áudios e trocas de informações nas quais se discutia uma possível tentativa de anular a delação de Cid. O material foi anexado a um pedido da defesa para questionar a legalidade do acordo de colaboração premiada. No entanto, o teor das conversas chamou a atenção do STF e resultou na ordem de prisão preventiva.

Para Moraes, Câmara demonstrou completo desprezo pelas determinações judiciais e tentou interferir diretamente nas investigações. O ministro apontou que o coronel representa risco à ordem pública e determinou ainda a abertura de novo inquérito contra ele e seu advogado, por possível obstrução de justiça.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal – Foto: Adriano Machado/Reuters

Câmara é citado nas investigações da Operação Tempus Veritatis como integrante do chamado “núcleo dois” da trama golpista, que teria atuado para manter Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota nas eleições de 2022. Esse núcleo era formado por auxiliares civis e militares que buscavam desestabilizar o processo eleitoral e articular movimentos contrários à democracia.

Nas redes, embora proibido de manter perfis ativos, o suspeito teria continuado a usar contas atribuídas a familiares ou terceiros para se comunicar. O monitoramento digital feito pela PF e os prints entregues pela própria defesa mostraram que ele continuava envolvido em articulações paralelas às apurações do Supremo.

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Last Update: 18/06/2025