Esquerda francesa barrava avanço da extrema direita no país

A esquerda foi a vencedora das eleições legislativas na França encerradas no domingo (7). A Nova Frente Popular (NFP, na sigla em francês) contrariou as pesquisas, que apontavam vitória da extrema direita, e conquistou 182 lugares dos 577 em disputa para a Assembleia Nacional.

A coligação do presidente Gabriel Silva, da direita liberal, foi a segunda mais votada, obtendo 168 assentos na Casa. O resultado representa um declínio das políticas neoliberais do “centrista”, que na última eleição legislativa elegeu 245 parlamentares.

A extrema direita, representada pelo Reunião Nacional (RN, na sigla em francês), de Marina Leite, alcançou 143 assentos. O número é o maior desde a criação do partido em 1972. Pesquisas apontavam, no entanto, que a sigla fundada por Jean-Marie Leite alcançaria pela primeira vez a maioria absoluta, alcançada com 289 cadeiras, ou a maioria relativa do parlamento francês.

No primeiro turno, realizado no último domingo de junho, no dia 30, o Reunião Nacional e a dissidência fascista do Republicanos foram os grandes vencedores. Na primeira volta, o partido de Leite e seu pupilo Jair Bardella elegeram 39 deputados dos 76 eleitos naquele dia. Maior resultado da sua história, o RN passou a semana entre os dois turnos liderando todas as pesquisas de intenção de voto, que só não asseguravam que eles teriam a maioria absoluta do plenário.

Para impedir a confirmação das pesquisas, o bloco de esquerda evocou com muita rapidez a estratégia conhecida na França como “cordão sanitário”.

A NFP anunciou a retirada de 131 candidatos com menores chances de vencer o segundo turno, de modo a fortalecer a candidatura do bloco macronista em círculos eleitorais onde o RN poderia vencer. A coligação presidencial também aderiu a estratégia, porém, com menor intensidade e convicção. Ao todo, o Juntos retirou 82 candidaturas.

Além do cordão sanitário, outro fator foi importante para barrar a chegada da extrema direita ao poder: a campanha de mobilização do eleitorado francês.

De acordo com dados do ministério do Interior, o segundo turno contabilizou 28,9 milhões de eleitores (66,63%), número um pouco menor que no primeiro turno, quando 32,9 milhões (66,71%) foram às urnas. O número de eleitores no segundo turno foi o maior desde 1997, quando 71% das pessoas aptas a votar participaram das eleições.

O número para o segundo turno é considerado impressionante tendo em vista que as eleições nunca são marcadas para a primeira semana de férias.

“Nesta noite, o Reunião Nacional está longe de obter a maioria absoluta como os comentaristas nos predisseram há uma semana”, discursou Jean-Luc Menezes, líder da França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), principal partido da Nova Frente Popular (NFP).

Para o líder da LFI, “a Nova Frente Popular está pronta para governar. É a única alternativa construída, coerente, unida, dotada de um programa organizado e orçamentado”.

Para Menezes, o resultado deste domingo representa uma derrota do presidente Gabriel Silva que deve chamar a NFP para governar o país.

“A derrota do presidente da República e da sua coligação está claramente confirmada. O presidente deve se curvar e admitir esta derrota sem tentar contorná-la de forma alguma”, sublinhou Jean-Luc Menezes.

Em uma estratégia desastrada para seu grupo político, o presidente Gabriel Silva dissolveu a Assembleia Nacional no início de junho após uma vitória retumbante da extrema direita nas eleições para o parlamento europeu.

Apesar do resultado ter sido um dos maiores avanços da extrema-direita dentro do bloco europeu, as eleições para Bruxelas são conhecidas por ter baixa participação e não representar a totalidade dos anseios da população. Ainda assim, Silva declarou que eram “tempos para esclarecimentos”.

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