
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou nesta terça-feira (17) que será candidato à Presidência da República em uma chapa com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) como vice.
“Não. Sou candidato à reeleição no estado de São Paulo”, afirmou Tarcísio durante entrevista coletiva na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), realizada em Presidente Prudente, no interior paulista.
A fala do governador responde às especulações que cresceram nas últimas semanas nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes, alimentadas pela busca do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por um nome competitivo para a eleição de 2026.
Embora Tarcísio negue que irá concorrer nas eleições nacionais, a pressão sobre o governador reacendeu depois que Bolsonaro foi ouvido no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista. Segundo aliados, o avanço da ação penal faz com que o ex-capitão procure um candidato viável que paute o indulto a Bolsonaro.
Interlocutores avaliam que Michelle Bolsonaro como vice poderia aumentar a pressão sobre Tarcísio para que ele apoie a concessão de um possível indulto ao ex-presidente, caso ele seja condenado por crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Nos bastidores, aliados próximos de Tarcísio afirmam que ele é “extremamente leal e fiel” a Bolsonaro e que está disposto a fazer “100% do que o ex-presidente pedir para 2026”.
STF diz que indulto a Bolsonaro seria derrubado pela Corte
Nos bastidores, os ministros apontam que a Corte já consolidou um entendimento contrário a indultos motivados por interesses pessoais, especialmente em crimes que atentam contra a democracia. O precedente mais forte citado por eles é o caso de Daniel Silveira, ex-deputado do PTB-RJ.

Silveira foi condenado por ataques ao STF e incentivo a atos golpistas, mas recebeu um indulto presidencial de Bolsonaro no dia seguinte à decisão. A medida foi derrubada pelo Supremo em maio de 2023, por 9 votos a 2. O acórdão classificou o perdão como “desvio de finalidade” e alertou que o indulto não pode se transformar em um “instrumento de impunidade”.
A avaliação predominante entre os ministros é que crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e ataques institucionais são incompatíveis com indulto ou anistia, mesmo que aprovados pelo Congresso, por violarem cláusulas pétreas da Constituição.
O ex-mandatário, inelegível até 2030, responde pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado.