O terceiro debate dos candidatos a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores reuniu nesta terça-feira (17), no Rio de Janeiro, os postulantes Edinho Silva (nº 180), Romênio Pereira (nº 150), Rui Falcão (nº 130) e Valter Pomar (nº 120).

O debate na capital fluminense foi mediado pela secretária nacional de Finanças e Planejamento do PT, Gleide Andrade, e seguiu o formato dos encontros anteriores, com a seguinte ordem de apresentação dos candidatos que foi definida por sorteio: Rui Falcão, Edinho Silva, Valter Pomar e Romênio Pereira. O presidente do PT-RJ, José Maurício fez a abertura oficial do debate e logo em seguida foi realizado o primeiro bloco, com a apresentação de posicionamentos e propostas pelas candidaturas.

Em sua fala, Rui Falcão reafirmou a importância do PED 2025. “Caberá às novas direções ajustarem nossa linha política, nosso fortalecimento organizativo e articulação de aliados do campo popular numa campanha polarizada que exigirá habilidade, diálogo com a população e sobretudo no embate com a direita, a extrema direita, a classe dominante, expressão do capital financeiro, do agronegócio e do imperialismo. Estamos às voltas com a maior e persistente crise do capitalismo desde a Segunda Guerra Mundial. Uma crise global, econômica, social, política, cultural, ambiental, todas elas entrelaçadas de forma indissociável com o sistema, com opressão racial, com exploração e com os conflitos bélicos a elas associadas”, destacou ele, citando o genocídio em Gaza e a guerra da Ucrânia.

Falcão reforçou também a necessidade de o PT retornar a ser um partido de massas. “O combate à extrema direita somente poderá ser exitoso se formos capazes de lhe opor uma confrontação organizada a aguerrida e massiva. A história nos ensina que fórmulas gelatinosas, acomodação e conciliação facilitam a ascensão do fascismo e de seus assemelhados como o bolsonarismo. Para cumprir suas tarefas históricas, seu compromisso com o socialismo, o PT precisa se reconverter em um partido de massas, mesclando a disputa eleitoral com a incorporação de amplas frações do povo a luta política. Devemos ser fortes para remar contra a maré”, enfatizou.

O candidato Edinho Silva denunciou o crescimento do fascismo no país e no mundo. “Nós temos visto o crescimento do fascismo no mundo. O crescimento, não só do ponto de vista eleitoral, nas vitórias eleitorais que a extrema direita mundial tem conseguido, inspirada numa agenda fascista, mas como também o crescimento do pensamento das organizações da sociedade civil que se alimentam do pensamento fascista. O Donald Trump é o maior líder fascista do século 21 e está influenciando inclusive a organização e o crescimento do fascismo no mundo, enquanto estrutura de disputa política. Essa organização fascista tem apoio hoje das big techs. É nesse cenário que o Partido dos Trabalhadores vai escolher a sua futura direção, seja os dirigentes zonais onde nós temos zonais, seja os dirigentes municipais, estaduais e os dirigentes que vão conduzir o nosso partido na esfera nacional. Portanto, é um PED que nos coloca responsabilidade enquanto dirigentes, enquanto dirigentes que terão que conduzir esse processo”, afirmou.

Edinho reforçou a importância do PED na organização do PT no pós-Lula. “Também é nesse PED que nós teremos a missão histórica de organizar o PT no pós-Lula, porque  2026 é a última eleição que o presidente Lula vai liderar o processo eleitoral. Nós teremos que construir um partido que, mesmo sendo ainda influenciado pelo legado do presidente Lula, ele não mais estará nas urnas quando nós enfrentarmos dificuldades de organização, quando nós enfrentarmos dificuldades de embate na sociedade. Portanto, eu quero repetir aqui uma frase, que é do próprio presidente Lula, quando ele diz que o seu sucessor não será um nome, o seu sucessor será o PT, que se o PT tiver forte, tiver organizado, o nome nós vamos produzir”.

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O candidato Valter Pomar lembrou as conquistas alcançadas no terceiro governo Lula ao questionar sobre a continuidade ou não da política atual do governo. “Ou a gente insiste na atual política que o partido e o governo vêm adotando, ou a gente muda essa política. As pessoas que defendem que a gente deve insistir, continuar com a política atual, como vocês acabaram de ouvir, consideram injusto, pois afinal o governo Lula é muito melhor que o governo Bolsonaro. E nós estamos absolutamente de acordo com isso. E lembram também dos índices positivos do nosso governo. São muitos. Nós fizemos muitas políticas públicas durante esse período”, disse.

Valter, porém, fez uma contraposição tomando como base os resultados do PT nas últimas eleições municipais e também a atual postura política do Congresso Nacional. “Tudo isso é verdade, mas também é verdade que nós fomos derrotados nas eleições de 2024. Nós estamos também emparedados no Congresso, mas não é emparedados pela oposição, mas emparedados pela aliança entre a oposição e uma parte da nossa base, que está nos traindo agora, avisa que vai nos trair em 2026 e continua ocupando seus cargos no governo. Nós estamos perdendo crescentemente apoio na nossa base social e eleitoral, como confirmam todas as pesquisas. E em 2026, se a gente mantiver a atual política, a gente caminha ou para uma derrota nas eleições, ou para uma vitória de Pirro, que é aquela vitória em que a gente não tem os meios para governar de maneira adequada”, argumentou.

Em sua apresentação, Romênio Pereira reafirmou a sua defesa da priorização pela direção nacional do PT aos pequenos e médios municípios. “O PT tem 45 anos, é um partido vitorioso. É um partido que foi criado é da forma que nós criamos, da forma que nós organizamos. Vamos buscar algumas questões que nesse momento exigem de nós alguns movimentos importantes. Eu andei muito por esse país e tenho usado um tema que a minha vida é andar por esse país. Já coloquei meus pés em mais de 1.000 cidades nesse país e tenho feito uma defesa que é dos chamados pequenos municípios do país. A direção nacional precisa olhar com carinho para esses municípios. Porque às vezes vocês não são vistos, vocês não são lembrados, mas quando foi preciso para dar as duas vitórias para a presidenta Dilma e agora para o presidente Lula, e mesmo a boa votação que o Fernando Haddad teve em 2018, foram os pequenos e médios municípios brasileiros que garantiram isso”, defendeu.

Romênio defendeu também a destinação de 6% do fundo eleitoral para os setoriais do PT. “Por que que eu defendo isso? Porque eu acho que o dinheiro do fundo eleitoral para os setoriais, ele chega a parcela de filiados e filiadas que não às vezes não tem o direito de receber esse recurso. Então nós defendemos e queremos reforçar que nos próximos pleitos a direção nacional tenha um olhar muito preciso para esse debate do fundo eleitoral para os setoriais. Porque nós sabemos que às vezes um recurso R$ 1.000 a mais é que a gente elege um vereador ou uma vereadora. Essa é a minha tradição dentro do PT. Então, eu quero reforçar isso”, enfatizou.

Assista abaixo o vídeo com a íntegra do debate

No segundo e terceiros blocos do debate, os candidatos à presidência nacional responderam a duas perguntas feitas por petistas presentes, que foram devidamente sorteadas pela mediação do evento, sendo uma de autoria de uma mulher e a outra de um homem.

A primeira pergunta indagava sobre como os candidatos pretendiam, caso eleitos, levar o partido a uma aproximação com a sua base e também fazer a disputa ideológica em um cenário dominado por ideias fascistas. Já a segunda pergunta questionava os candidatos a respeito da manutenção ou ampliação dos partidos que compõem a atual Federação da qual o PT faz parte com o objetivo de  fortalecer a campanha do presidente Lula. As duas perguntas foram respondidas por todos os quatro candidatos presentes, de acordo com ordem realizada também por sorteio.

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Considerações finais

No quarto e último bloco do debate, os postulantes à presidência nacional do PT fizeram as suas considerações finais, cuja ordem das falas também foi definida através de sorteio realizado pela mediação.

Romênio Pereira aproveitou para fazer uma homenagem aos militantes do partido. “Para mim a maior patrimônio da nossa história e do nosso partido são vocês. É a militância, são as pessoas que carregam as bandeiras, são as pessoas que enfrentam as ruas, são as pessoas que foram para a porta da cadeia em Curitiba, foram vocês que foram naturalmente defender o mandato da presidenta Dilma. Então eu quero fazer uma homenagem a todas as mulheres, a todos os homens que constroem esse partido. Vocês são o grande patrimônio do nosso partido”.

Valter Pomar reafirmou as ideias centrais de sua chapa “Em tempos de guerra, a esperança é vermelha”. “A ideia central é que precisa ter uma mudança na linha política do governo e uma mudança na linha política do partido para ganhar as eleições de 2026, para transformar o Brasil e para salvar o nosso partido. Nós achamos que é preciso mudar a política econômica, nós achamos que é preciso mais ofensividade na disputa contra as duas direitas, os neofascistas e os neoliberais tradicionais, que é preciso mais disputa política na sociedade. Nós achamos que o partido tem que reconstruir a sua estrutura militante, tem que se engajar e protagonizar as lutas sociais e tem que reafirmar sua natureza socialista”, afirmou.

Edinho Silva ressaltou a importância do Processo de Eleição Direta no momento especial da história do PT.  “Esse PED é um momento muito especial da nossa história. É um momento de muita dificuldade, o mais difícil da nossa história recente e nós precisamos de um partido forte. Nós precisamos de um partido que funcione, nós somos um partido vitorioso porque nós ganhamos cinco vezes as eleições presidenciais. Então, é inegável que o PT é um partido vitorioso, é um partido que dialogou e teve avanços junto à sociedade brasileira, mas o momento histórico exige de nós um aperfeiçoamento das nossas instâncias, da nossa organização de base”.

Rui Falcão reafirmou em suas considerações finais a sua proposta de que os quatro candidatos à presidência do PT agendem um encontro com o presidente Lula para tratar de pautas relevantes para o país. “Uma pauta de apoio, por exemplo, à manutenção do aumento real do salário mínimo como política permanente, a redução da taxa de juros, contra a autonomia plena do Banco Central, o presidente Lula já combateu isso várias vezes. Todo o peso para saúde e educação, não permitir que o Congresso suprima os pisos constitucionais da saúde e educação, que é um risco real, inclusive por causa da minoria que a gente tem atualmente”.

Da Redação

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Last Update: 18/06/2025