O Banco de Brasília (BRB), sob o comando dos prepostos do governador distrital neoliberal Ibaneis Rocha (MDB), oficializou nesta terça-feira (17) a compra do Banco Master — uma instituição privada em colapso — por R$2 bilhões em dinheiro público. A transação foi aprovada sem qualquer restrição pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e representa a aquisição de 58% do capital do banco, incluindo 100% das ações preferenciais e 49% das ações ordinárias (com direito a voto). Mesmo com a compra bilionária, o BRB não passa a ser controlador da instituição adquirida.
O negócio transfere uma fortuna estatal diretamente para os bolsos dos especuladores Daniel Vorcaro e Augusto Lima, sócios do Master. Trata-se de uma operação de resgate, bancada pelos cofres públicos, que livra banqueiros falidos de uma bomba financeira prestes a estourar. O valor da compra equivale a 75% do patrimônio líquido do banco, segundo dados auditados — uma barganha escandalosa em benefício de setores que vêm sangrando o sistema financeiro.
Em dezembro de 2024, o Banco Master declarava R$63 bilhões em ativos. No entanto, em menos de seis meses, esse número despencou para R$33 bilhões — uma redução de quase 50% que denuncia a profundidade da crise. O BRB reconhece a queda, mas não apresenta qualquer justificativa plausível além do que já está evidente: o banco está podre.
Além disso, o Master acumulava R$49,24 bilhões em passivos, principalmente CDBs e depósitos a prazo. Embora tenha registrado um lucro líquido de R$1,07 bilhão em 2024 (contra R$531,8 milhões em 2023), a instituição está mergulhada em dificuldades para captar recursos, com vencimentos concentrados em 2025. Os ativos que restam são em boa parte compostos por precatórios e ações de empresas quebradas — lixo financeiro que nenhum banco privado quis assumir.
Não por acaso, bancos como Itaú, Bradesco e BTG Pactual se recusaram a sequer considerar a compra. Mas o BRB, um banco estatal, foi convertido em instrumento para salvar banqueiros em apuros. O uso do dinheiro público para essa operação escusa revela o grau de apodrecimento da política econômica do Distrito Federal.
A transação chegou a ser suspensa em 6 de maio por liminar da 1ª Vara da Fazenda Pública do DF, atendendo a uma ação do Ministério Público que questionava sua legalidade sem o aval dos órgãos competentes. Com a bênção do Cade, a compra foi liberada. O Sindicato dos Bancários de Brasília tem denunciado a operação e realizou, na semana passada, manifestação em frente à Assembleia Legislativa, com a participação dos funcionários do BRB e de aprovados no último concurso público.
A direção do BRB tenta justificar o absurdo afirmando que a operação tornará o banco “mais competitivo”. Na prática, o que se vê é a transferência de R$2 bilhões para banqueiros privados, sem que o BRB tenha sequer o controle da empresa adquirida. O banco estatal ficará com 49% das ações com direito a voto — ou seja, nem decide os rumos da instituição que comprou.
Enquanto os especuladores embolsam bilhões e lavam as mãos, a população, verdadeira proprietária do BRB, arca com o risco e o prejuízo da jogada. O Estado entra com o dinheiro, os banqueiros saem com o lucro — um clássico “salvamento de mercado” que escancara quem de fato o regime está disposto a proteger.
A operação é mais uma prova de que o governo local atua em nome da banca privada, sabotando o interesse público. Trata-se de um atentado à função social do banco estatal, reduzido agora a ferramenta de rolo compressor do capital financeiro.
É urgente que os trabalhadores se organizem contra essa pilhagem. A mobilização dos bancários é um primeiro passo, mas a luta precisa ser ampliada. Não é apenas uma negociação de gabinete: é um ataque ao povo. A classe operária não pode assistir calada à farra dos banqueiros com o dinheiro público. É hora de transformar a indignação em ação direta, nas ruas e nos locais de trabalho, para barrar a destruição promovida pelos inimigos do povo.