Luciano Hang, conhecido nas redes sociais como “Véio da Havan”. Foto: reprodução

O empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a atacar o Bolsa Família em uma publicação nas redes sociais nesta terça-feira (17). A fala ecoa o discurso de Ricardo Castellar de Faria, conhecido como “Rei do Ovo” e dono da Global Eggs, que criticou os beneficiários do programa social por supostamente recusarem ofertas de emprego.

No vídeo compartilhado por Hang, um produtor rural aparece em meio a uma lavoura de poncã pronta para ser colhida e reclama da escassez de mão de obra. “O resultado do Bolsa Família”, afirma Hang. “Recebi esse vídeo no WhatsApp e compartilho com vocês. É o desabafo de um produtor rural, cercado por toneladas de poncã prontas para a colheita, mas sem ninguém para trabalhar”, dramatiza.

A publicação segue com uma crítica direta ao programa: “Infelizmente, esse é o reflexo de um Brasil onde muitas pessoas têm preferido viver do Bolsa Família em vez de buscar uma oportunidade no mercado de trabalho. Não podemos seguir por esse caminho”.

O “Véio da Havan”, como é conhecido, ainda admite a importância do benefício para famílias em situação de vulnerabilidade. “O auxílio precisa, sim, existir para quem realmente precisa. Mas quem tem condições deve trabalhar, crescer e construir o próprio futuro com dignidade”.

Ele conclui com uma estatística controversa: “Em 12 estados brasileiros há mais pessoas recebendo Bolsa Família do que com carteira assinada”, embora nenhum destes estados seja Santa Catarina, onde Hang e o produtor de poncãs vivem e reclamam da falta de mão de obra.

Estudos apontam que o Bolsa Família representa um custo muito menor do que o retorno econômico gerado, inclusive nas regiões rurais. O programa é voltado a famílias em extrema pobreza, com uma renda per capita mensal de até R$ 218, e não representa um valor que desestimule o trabalho.

Pesquisas do IPEA e da Fundação Getulio Vargas mostram que a maioria dos beneficiários gostaria de ter trabalho formal, mas enfrenta barreiras como falta de vagas, baixa escolaridade, transporte e creches.

A ideia de que o Bolsa Família substitui a renda de um emprego também é distorcida. O valor médio do benefício gira em torno de R$ 680 por família, um montante que dificilmente cobre o custo de vida, mesmo nas cidades do interior. Além disso, o benefício é suspenso caso a renda familiar ultrapasse o limite, o que contradiz a tese de que as pessoas preferem o auxílio ao trabalho.

Hang também omitiu que desde o início do governo Lula (PT) há mais trabalhadores registrados no regime CLT. Nos primeiros meses de 2023, havia um beneficiário do Bolsa Família para cada empregado com carteira de trabalho assinada. Ao fim de 2024, esse número caiu para 44%.

A proporção foi reduzida também pela expansão das vagas de trabalhos formais no Brasil. O IBGE anunciou, em janeiro de 2025, que o número de empregados com carteira de trabalho aumentou em 2,7% em comparação a 2023, chegando a 38,7 milhões de pessoas.

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Last Update: 17/06/2025