No dia 17 de junho de 1962, a Seleção Brasileira conquistou o bicampeonato mundial no Estádio Nacional de Santiago, no Chile, ao vencer a Tchecoslováquia por 3 a 1. O feito histórico marcou a única vez, exceto pela Itália de Mussolini (1934 e 1938), em que uma seleção ganhou duas Copas do Mundo consecutivas sem influências políticas evidentes. Liderada por Vavá, Zagallo e o genial Garrincha, a Canarinho eternizou o futebol-arte brasileiro, símbolo de criatividade e talento.

A campanha no Chile foi desafiadora. Após a estreia com vitória por 2 a 0 sobre o México, com gols de Zagallo e Pelé, a Seleção enfrentou a Tchecoslováquia em um empate sem gols. A lesão de Pelé na segunda partida, uma distensão muscular, cortou o craque do torneio. A ausência do Rei aumentou a pressão sobre Garrincha, conhecido como “Anjo de Pernas Tortas”. Apesar de dúvidas sobre sua condição física, torcedores e imprensa exigiram sua escalação. Garrincha respondeu com atuações brilhantes, como na vitória por 3 a 1 sobre a Inglaterra, com um gol seu, e nos 4 a 2 contra o Chile nas semifinais, onde marcou duas vezes.

Na final, o Brasil enfrentou novamente a Tchecoslováquia. Após sofrer um gol de Masopust, a Seleção virou com Amarildo, substituto de Pelé, Zito e Vavá, garantindo o título. Garrincha, eleito o melhor jogador do torneio, foi o destaque, driblando adversários com maestria e consolidando o futebol brasileiro como referência mundial. A campanha teve ainda nomes como Didi, Mauro e Nilton Santos, sob o comando do técnico Aymoré Moreira.

Pelé, então com 21 anos, era a principal estrela do time após o título de 1958. Sua lesão contra a Tchecoslováquia gerou apreensão, mas o elenco provou sua força coletiva. Amarildo, seu substituto, brilhou na final, enquanto Garrincha assumiu o protagonismo. A ausência de Pelé reforçou a ideia de que o Brasil não dependia de um único jogador, mas de um estilo único, baseado na técnica e na improvisação.

O bicampeonato de 1962 permanece inigualável. A Itália de 1934 venceu em casa, sob forte influência do regime fascista, e em 1938, na França, em condições menos questionáveis, mas ainda marcadas pelo contexto político da época. Já o Brasil, em solo estrangeiro, venceu pelo talento puro, sem manipulações evidentes. O futebol-arte, com dribles, passes precisos e alegria em campo, tornou-se a marca da Canarinho, influenciando gerações.

Hoje, o legado de 1962 é celebrado como ápice da identidade futebolística brasileira. Garrincha, com sua genialidade, simboliza a essência do esporte nacional: um jogo que transcende táticas e celebra a criatividade. O Brasil de 1962 não apenas venceu, mas encantou o mundo, provando que o futebol pode ser uma expressão cultural única.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 17/06/2025