
por Felipe Borges
Pragmatismo Político
Em um país marcado por desequilíbrios fiscais e endividamento crescente entre os entes federativos, a Paraíba desponta como uma das exceções. Segundo levantamento da Secretaria da Fazenda do Paraná, apenas sete estados brasileiros possuem atualmente uma condição de “credor líquido”, ou seja, têm mais recursos em caixa do que o total de suas dívidas. A Paraíba ocupa a quarta posição nesse seleto grupo, atrás apenas de Mato Grosso, Espírito Santo e Maranhão.
A análise utiliza como critério a Dívida Consolidada Líquida (DCL), indicador que mede a diferença entre o volume total das dívidas de um estado e os valores disponíveis em caixa. Na prática, os chamados credores líquidos teriam condições de quitar integralmente seus débitos e ainda manter recursos sobrando nos cofres públicos.
De acordo com os dados apurados, a Paraíba apresenta um superávit de R$ 1,8 bilhão. O resultado reforça a narrativa do governador João Azevêdo (PSB), que desde o início de seu mandato tem enfatizado o compromisso com o equilíbrio fiscal e a responsabilidade na gestão das contas públicas. Mesmo sendo um dos estados de menor orçamento do país, a Paraíba vem mantendo estabilidade financeira em um cenário nacional marcado por pressões inflacionárias, juros elevados e queda na arrecadação.
No topo do ranking aparece o Paraná, com a situação mais confortável do país: são R$ 35,5 bilhões em caixa, com um resultado líquido positivo de quase R$ 8 bilhões. O bom desempenho fiscal deve ser explorado politicamente por Ratinho, que busca se projetar como nome competitivo da direita para a disputa presidencial de 2026.
Além da Paraíba e do Paraná, integram o grupo dos estados superavitários Mato Grosso (R$ 7,7 bilhões), Espírito Santo (R$ 2,83 bilhões), Maranhão (R$ 1,89 bilhão), Amapá (R$ 444,2 milhões) e Rondônia (R$ 333,8 milhões).
Na outra ponta, o contraste é evidente. Os estados com maior peso econômico no país são também os mais endividados. São Paulo lidera com uma DCL de R$ 306,9 bilhões, seguido por Rio de Janeiro (R$ 193,3 bilhões) e Minas Gerais (R$ 161,2 bilhões). Curiosamente, dois desses estados têm governadores cotados para a corrida presidencial de 2026: Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, e Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais.
Apesar do elevado endividamento, São Paulo mantém o maior volume de dinheiro em caixa: R$ 63,6 bilhões. Em seguida, aparecem Paraná (R$ 35,5 bilhões), Minas Gerais (R$ 28,7 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 22,9 bilhões). Na região Sul, o Rio Grande do Sul mantém R$ 19,2 bilhões em caixa, enquanto Santa Catarina tem R$ 12,9 bilhões.
O levantamento da Secretaria da Fazenda do Paraná escancara a profunda desigualdade entre os estados brasileiros, mas também evidencia a importância da gestão fiscal responsável.