O mercado financeiro brasileiro foi novamente “surpreendido” pelo desempenho da economia nacional. Sim, mais uma vez. O Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 0,2% em abril, exatamente o dobro dos 0,1% esperados pelos analistas. Essa constante surpresa do mercado com o crescimento acima do esperado já se tornou uma tradição mensal quase cômica.
É curioso observar que, se o crescimento fosse abaixo do esperado, tragédias econômicas e fiscais seriam imediatamente profetizadas pelos mesmos analistas. Mas quando os números superam as projeções, a reação é de mera surpresa, quando não de mau humor, como se o Brasil fosse incapaz de sustentar um crescimento consistente.
Números robustos em todos os setores
Os dados divulgados pelo Banco Central mostram um crescimento bem distribuído pelos principais setores da economia nacional. No acumulado de 12 meses, o desempenho é ainda mais impressionante:
• Agropecuária: crescimento robusto de 12,1%
• Indústria: 2,8%, com sinais claros de aceleração
• Serviços: sólidos 3,4%
• Arrecadação de impostos: alta de 4,7%
O crescimento acumulado de 4% em 12 meses representa um desempenho muito robusto para os padrões brasileiros, demonstrando que a economia mantém vigor em múltiplas frentes.
A questão fiscal que ninguém quer ver
Outro aspecto curioso é que esse crescimento consistente significa, inevitavelmente, uma melhoria da situação fiscal do país. Mais atividade econômica gera mais arrecadação, como comprova o aumento de 4,7% na arrecadação de impostos. No entanto, ironicamente, não se vê qualquer tipo de alegria ou reconhecimento dessa melhoria por parte do mercado.
O mercado parece querer ver a situação fiscal melhorar exclusivamente pelo lado do corte de gastos, ignorando completamente o crescimento econômico como ferramenta de ajuste fiscal. Evidentemente, para um país com tantas desigualdades como o Brasil, o crescimento econômico representa a maneira mais saudável de melhorar as contas públicas, gerando empregos e renda enquanto aumenta a arrecadação.