O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que durante anos foi tratado como um dos principais herdeiros políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), passou a ser alvo de críticas e ataques vindos do próprio núcleo bolsonarista.
O desgaste surgiu ainda em 2024, quando o mineiro apoiou o influenciador Pablo Marçal (PRTB) nas eleições para prefeito de São Paulo, contrariando a aliança do seu partido com o MDB, na chapa de Ricardo Nunes. Nos últimos meses, em que o parlamentar mineiro tem adotado um discurso mais centrado em si próprio e menos subordinado às diretrizes da família Bolsonaro, o conflito se intensificou.
Uma das queixas mais recorrentes entre os bolsonaristas diz respeito à postura de Nikolas em relação ao deputado fugitivo Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O filho do ex-presidente tem enfrentado dificuldades para manter espaço nas redes e articular apoios ao Senado para as eleições de 2026.
Nikolas, por sua vez, evita assumir qualquer compromisso público com Eduardo e tem se aproximado de parlamentares e influenciadores que criticam abertamente o clã Bolsonaro. A convivência com figuras como Renato “38tão”, que já chamou Bolsonaro de “cadela do PT”, incomodou apoiadores do ex-presidente, que passaram a acusar o mineiro de traição.
Um resumo pra você que ainda não entendeu pq os bolsonaristas de fato estão caindo em cima de Nikolas biscoito do ego inflado. Começou com Farçal e foi daí pra pior.@petroConservado @100cricri @joao8_32_JB @Fa1ryNight @AlexVovoCoruja @ale_sblack @Alexmorettibr pic.twitter.com/npmjjX7Aox
— Rodolfo Gatti 🇧🇷 (@rodolfogattiofc) March 11, 2025
Em meio a esse movimento de afastamento, Nikolas também protagonizou iniciativas consideradas oportunistas por setores do PL. Uma delas foi o apoio à proposta de Emenda à Constituição que reduziria a idade mínima para concorrer ao Senado, beneficiando diretamente seu projeto pessoal.
O gesto foi lido como um sinal de que Nikolas estaria mais interessado em sua própria carreira do que em fortalecer o grupo ao qual pertencia.
Nas redes, o tom dos ataques subiu. Ex-eleitores e perfis influentes da extrema-direita passaram a chamá-lo de “leproso” e a questionar sua fidelidade à base conservadora.
Um dos posts mais compartilhados mostra Nikolas ao lado de outros supostos “traidores” — como Ricardo Salles, Deltan Dallagnol, Marcel Van Hattem e Luiz Philippe de Orléans e Bragança — segurando biscoitos. A legenda diz: “Tropa do biscoito. O maior desafio é descolar do Bozo sem perder os apoiadores dele”, insinuando que os deputados estariam apenas buscando atenção.
Em um dos grupos bolsonaristas no Telegram, circulou a imagem de Nikolas e Eduardo, acompanhada da frase: “Época em que pro Nikolas era legal postar foto com a ‘referência’ dele. Hoje ele trata o Eduardo como se fosse um leproso. Votaram nele por influência dos Bolsonaro”.
Dentro do partido, parlamentares próximos a Eduardo reclamam da presença constante de Nikolas em agendas e eventos que deveriam dar protagonismo ao filho do ex-presidente.
