O nível de atividade econômica no Brasil registrou alta de 0,2% em abril na comparação com março, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira (16). O número foi calculado com ajuste sazonal, mecanismo que elimina as variações típicas de cada período do ano e permite comparação entre meses consecutivos.

O IBC-Br é utilizado como indicador da evolução da economia brasileira e considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O índice acompanha o desempenho dos setores agropecuário, industrial, de serviços e da arrecadação de impostos. Diferentemente do cálculo do PIB realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IBC-Br não inclui o lado da demanda.

Em 2024, a economia brasileira apresentou crescimento de 3,4%, superando as projeções iniciais de instituições financeiras e consultorias econômicas. O resultado foi impulsionado por políticas monetárias adotadas para o controle da inflação, como o aumento da taxa básica de juros. No entanto, analistas indicam que esse ritmo não deve se repetir em 2025. A previsão do mercado financeiro aponta para uma expansão mais moderada, de 2,2%.

A desaceleração esperada é atribuída à manutenção de uma política monetária mais restritiva, conforme sinalizado pelo Banco Central. Em comunicado divulgado em maio, a instituição afirmou que a atividade econômica ainda não apresenta sinais consistentes de desaceleração e que o patamar atual da taxa básica de juros já está provocando efeitos sobre o desempenho da economia.

A taxa Selic está atualmente em 14,75% ao ano, após seis elevações consecutivas. A meta do Banco Central é reduzir a inflação para 3%, dentro de uma margem de tolerância de até 4,5%. O aumento dos juros visa conter o consumo e o crédito, reduzindo a pressão sobre os preços. Segundo o Banco Central, os efeitos dessa política deverão ser mais perceptíveis nos próximos meses, especialmente no mercado de trabalho.

O IBC-Br serve como um dos principais parâmetros para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). Embora o índice nem sempre antecipe com exatidão os números oficiais do PIB, ele é utilizado como referência para avaliar a necessidade de ajustes na taxa de juros. Em cenários de crescimento econômico mais lento, tende-se a observar menor pressão inflacionária, o que pode abrir espaço para mudanças na política monetária.

Diante do resultado de abril e do comportamento recente da economia, analistas consideram possível que o Copom interrompa o atual ciclo de alta da Selic na reunião desta semana. Ainda assim, a expectativa é de cautela por parte do Banco Central, que acompanha a evolução dos indicadores para determinar os próximos passos.

A divulgação do IBC-Br ocorre num momento em que o governo e o mercado avaliam os impactos das políticas econômicas adotadas nos últimos trimestres. A elevação dos juros, associada a um ambiente de incerteza externa e a variações nos preços das commodities, tem gerado revisões nas projeções de crescimento. Mesmo com o desempenho positivo registrado em abril, o cenário continua sendo de desaceleração gradual.

A evolução da atividade econômica é acompanhada de perto por instituições financeiras, empresas e agentes públicos, por sua influência direta nas decisões de investimento, crédito e consumo. A manutenção de um nível elevado de juros, por sua vez, tem impacto sobre o custo do financiamento e sobre o ritmo de crescimento de setores como construção civil, varejo e indústria de transformação.

O Banco Central tem reiterado o compromisso com o controle da inflação, mesmo diante de pressões por estímulos ao crescimento. A expectativa do mercado é que, em um contexto de redução consistente da inflação e de desaceleração econômica, o Copom possa rever a atual política de juros. Por ora, no entanto, os sinais emitidos pela autoridade monetária indicam continuidade da estratégia de contenção da atividade.

O próximo boletim Focus, com as projeções atualizadas do mercado para inflação, PIB, taxa de câmbio e juros, deverá trazer novos dados sobre as expectativas para o segundo semestre de 2025. A tendência, segundo analistas, é de manutenção de um cenário de baixo crescimento, com possibilidade de flexibilização monetária apenas caso os indicadores confirmem a desaceleração da economia e a estabilidade dos preços.

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Last Update: 16/06/2025