O Irã disparou uma nova rodada de mísseis contra Israel na manhã desta segunda-feira 16, matando ao menos oito pessoas e ferindo 92, segundo os serviços de emergência de Israel, em resposta a ataques israelense que atingiram território iraniano pela quarta noite consecutiva.
O Irã anunciou ter lançado cerca de 100 mísseis nessa nova rodada e prometeu retaliação adicional aos ataques generalizados de Israel a sua infraestrutura militar e nuclear, que mataram ao menos 224 pessoas no país desde a última sexta-feira.
Israel afirmou que até o momento 24 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas, com o Irã lançando mais de 370 mísseis e centenas de drones.
Em resposta, os militares israelenses disseram que caças atingiram dez centros de comando em Teerã pertencentes à Força Quds, o braço de elite da Guarda Revolucionária que conduz operações militares e de inteligência fora do Irã.
O embate é um dos mais violentos na rivalidade de décadas entre Israel e Irã e tem acendido o alerta sobre a possibilidade de uma guerra mais ampla. A República Islâmica rejeita negociar um cessar-fogo enquanto estiver sob ataque, e Israel promete manter a pressão militar.
Durante um bombardeio anterior de mísseis iranianos contra o centro de Israel no domingo, o ministro iraniano do Exterior, Abbas Araghchi, disse que o Irã interromperá seus ataques se Israel fizer o mesmo.
Destruição em Tel Aviv
Em Tel Aviv, edifícios foram destruídos, e bombeiros procuravam sobreviventes entre os escombros. Outros projéteis atingiram as cidades de Petah Tikva e Bnei Brak, perto de Tel Aviv.
Um míssil caiu perto do consulado americano em Tel Aviv, o que causou danos leves, disse o embaixador dos EUA, Mike Huckabee.
Fortes explosões, provavelmente causadas pela interceptação de mísseis iranianos pelos sistemas de defesa israelenses, atingiram a região pouco antes do amanhecer desta segunda-feira, lançando nuvens de fumaça preta sobre a cidade costeira.
Na cidade portuária de Haifa, no norte de Israel, mísseis iranianos atingiram a maior refinaria de petróleo de Israel, provocando um incêndio, de acordo com imagens nas redes sociais e informações dos bombeiros.

A cidade de Haifa, em Israel, sofreu fortes danos após ataques do Irã.
Foto: Ahmad GHARABLI / AFP
Autoridades da cidade israelense de Petah Tikva, no centro do país, disseram que mísseis iranianos atingiram um prédio residencial, estilhaçando janelas e derrubando paredes de vários apartamentos.
Aeroporto no Irã é atingido
Após mirar instalações nucleares, alvos militares e refinarias de gás e petróleo, Israel atingiu neste domingo diversos alvos em Teerã e expandiu ataques a outras regiões do país, como o aeroporto de Mashhad, no extremo leste do Irã, a cerca de 2,3 mil quilômetros de Israel.
Em entrevista à emissora americana Fox News, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o resultado de sua ofensiva militar “pode certamente” ser a mudança de regime no Irã. Ele instou os iranianos a se levantarem contra o regime dos aiatolás.
Israel também matou o novo chefe de Inteligência da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Kazemi, e seu vice, Hassan Mohaqeq, segundo informou a agência iraniana Tasnim. Na sexta-feira, o comandante-chefe da Guarda, Hossein Salami, também foi morto nos ataques.

Um depósito de petróleo em Shahran, no Irã, em chamas após ataque de Isarel.
Foto: AFP
Abrigos
Sem sinais de trégua, o Irã anunciou que começaria a abrir mesquitas, estações de metrô e escolas para servirem como abrigos improvisados para civis, enquanto Israel continua a bombardear centros urbanos e deixar centenas de vítimas. Segundo o Ministério da Saúde do país, 1.277 pessoas ficaram feridas em quatro dias de conflito.
G7 busca diálogo
Líderes das maiores potências econômicas do mundo desembarcam neste domingo nas Montanhas Rochosas canadenses para a cúpula do G7, onde devem pressionar Donald Trump, dos EUA, a destravar um cessar-fogo entre Israel e Irã.
Falando a jornalistas antes da cúpula, o chanceler federal alemão Friedrich Merz disse que a reunião se concentrará em garantir que o Irã não possa desenvolver ou possuir armas nucleares.
Alemanha, França e Grã-Bretanha se dizem prontas para conversar imediatamente com o Irã sobre o programa nuclear de Teerã, em uma tentativa de acalmar a situação no Oriente Médio, disse o ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul em visita a Omã.
Trump declarou ao canal americano ABC News estar aberto à uma trégua entre os dois países ser mediada pelo presidente russo Vladimir Putin. O presidente francês Emmanuel Macron rechaçou a ideia.
“Não acredito que a Rússia, que agora está envolvida em um conflito de alta intensidade e decidiu não respeitar a Carta da ONU há vários anos, possa ser uma mediadora”, disse ele.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, enfatizou que Israel tem o direito de se defender e que “o Irã é a principal fonte de instabilidade regional”, em uma ligação telefônica com Netanyahu.
“A Europa sempre foi clara: o Irã nunca poderá adquirir uma arma nuclear. Há uma necessidade urgente de uma solução negociada”, acrescentou.
(Com informações de DW)