
Nesta sexta-feira (13), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), atualmente foragida da Justiça brasileira, cometeu crime ao ordenar o ataque hacker ao sistema do CNJ. No entanto, ele considerou injusta a condenação de dez anos de prisão imposta pelo STF à parlamentar, em entrevista à Folha de S.Paulo.
A declaração foi feita dias após Zambelli ser localizada em Roma, na Itália, para onde viajou após o trânsito em julgado da sentença. O ministro da Justiça Ricardo Lewandowski confirmou que, há indícios de sua localização e afirmou que o governo trabalha para sua extradição com base no tratado bilateral com a Itália.
Flávio Bolsonaro criticou o que considera ser uma perseguição política contra a deputada, e defendeu que ela seja incluída no projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O senador classificou a fuga como um ato de desespero e disse que ela não deveria estar presa.
Segundo ele, apesar de Zambelli ter cometido um crime ao se associar ao hacker Walter Delgatti Netto para forjar um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, a pena aplicada foi desproporcional. Para Flávio, a rapidez no julgamento também levanta suspeitas sobre a normalidade do processo.

Esta foi a primeira vez que Flávio Bolsonaro comentou publicamente o caso. Desde 2022, a parlamentar vinha perdendo apoio dentro do bolsonarismo após protagonizar episódios polêmicos, como o dia em que correu armada pelas ruas de São Paulo. O próprio Jair Bolsonaro declarou não ter envolvimento com a fuga da aliada.
Carla Zambelli desembarcou em Roma no último dia 5, após sair dos Estados Unidos. Ela usou passaporte italiano para entrar no país europeu, aproveitando-se da sua dupla cidadania. Desde então, sua localização exata não é conhecida, embora autoridades brasileiras digam ter pistas de seu paradeiro.
Durante evento sobre segurança pública em São Paulo, Lewandowski reforçou que a dupla nacionalidade não impede a extradição e citou precedentes como o caso Cesare Battisti, extraditado pelo Brasil em 2018. Ele afirmou confiar na cooperação entre os dois países.
Apesar da posição brasileira, o governo italiano afirmou, por meio da subsecretária do Interior, Wanda Ferro, que Zambelli ainda não foi localizada. A divergência entre os dois países adiciona um novo capítulo ao caso, que envolve política, crime cibernético e relações diplomáticas.