
Apesar de os alimentos ainda exercerem pressão sobre o orçamento das famílias, os preços do tradicional arroz com feijão recuaram no Brasil nos últimos 12 meses, com quedas expressivas que, em alguns casos, superaram os 10%. Com informações da Folha de S.Paulo.
É o que revelam os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial da inflação nacional, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo especialistas, a principal explicação está no aumento da oferta, resultado de safras mais robustas. Mudanças nos hábitos alimentares da população também ajudaram a conter os preços.
O arroz, por exemplo, acumula uma redução de 12,07% até maio, considerando os 12 meses anteriores. Desde outubro do ano passado, o grão registra oito quedas consecutivas no índice mensal.
Já o feijão preto apresentou a maior retração entre os quatro tipos avaliados no IPCA: queda de 23,01% em um ano. O tipo carioca, mais presente nas mesas brasileiras, teve recuo de 13,17%. Os feijões fradinho e mulatinho também ficaram mais baratos, com reduções de 7,23% e 4,25%, respectivamente — embora com menor peso no cálculo do índice.
“O principal fator [para a queda dos preços] é a oferta maior que a demanda”, afirma o consultor Evandro Oliveira, da Safras & Mercado, especializado nos mercados de arroz e feijão.
Mesmo com a melhora no mercado de trabalho e o consequente aumento da renda, o consumo da dupla no varejo tem perdido força por diversas razões, segundo Oliveira.
Entre elas, ele menciona mudanças nos padrões alimentares, como a substituição do preparo tradicional por refeições prontas, dentro ou fora de casa. Além disso, destaca a influência das plataformas de apostas online — conhecidas como bets —, que têm consumido parte do orçamento de famílias, inclusive as de renda mais baixa. Esse possível efeito sobre o consumo de arroz e feijão já foi mencionado por outros analistas.

Uma imagem mostra um prato típico com arroz, feijão, batatas fritas e carne, acompanhado de um copo com bebida e uma tigela com farofa, em um restaurante de São Paulo (foto de Zanone Fraissat, 5.jul.22, Folhapress).
O Rio Grande do Sul, ainda em processo de reconstrução após as enchentes históricas de 2024, é o principal polo produtor de arroz no país. Já o Paraná se destaca na produção de feijão.
De acordo com a mais recente previsão do IBGE, divulgada na quinta-feira (12), a safra de arroz deve crescer 15,9% em 2025, em comparação com 2024.
O feijão, que tem três colheitas por ano, deverá fechar a primeira safra de 2025 com alta de 28,4%. Para a segunda safra, que ainda está em andamento, a projeção é de retração de 9,9%, enquanto a terceira tende a crescer 3,4%. Com isso, o IBGE estima aumento de 4,6% na produção total de feijão em 2025.