O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Reprodução

Os ataques de Israel contra o Irã não se limitaram à meta declarada de frear o programa nuclear iraniano, tratado por Benjamin Netanyahu como uma “ameaça existencial”.

O primeiro-ministro israelense persegue um objetivo mais ambicioso: provocar uma reação em cadeia que leve à queda do regime dos aiatolás.

Em discurso à nação, ele chegou a afirmar que “chegou a hora de o povo iraniano se unir em torno de sua bandeira e de seu legado histórico, defendendo sua liberdade do regime maligno e opressor”.

Não há garantias de que os bombardeios desencadeiem uma revolta popular. O que se viu até agora foi uma forte retaliação de Teerã, com a Guarda Revolucionária anunciando ataques a “dezenas de alvos, centros militares e bases aéreas”. Entre os mortos estão o chefe da Guarda Revolucionária, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e outros altos oficiais.

chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, falando em microfone, sério, sem olhar para a câmera
O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami, morto no ataque israelense – Reprodução/Reuters

Netanyahu afirmou que “mais coisas estão a caminho”, sinalizando que os alvos podem se expandir. A ideia é desestabilizar o regime e enfraquecer seu comando interno, apostando que isso pode abrir espaço para uma ruptura.

O cálculo, porém, é arriscado. Quem controla de fato o Irã são os setores linha-dura das Forças Armadas e da economia, especialmente ligados à Guarda Revolucionária. Eles não precisam tomar o poder porque já o detêm. E podem radicalizar ainda mais diante das ameaças externas.
Caso o regime colapse, o vácuo de poder pode mergulhar o país, de 90 milhões de habitantes, no caos. A aposta israelense seria ver um grupo opositor assumir o controle. Mas quem?

As forças opositoras iranianas estão divididas. Após os protestos de 2022, conhecidos como “Mulher, Vida, Liberdade”, houve tentativas de unificação de grupos, mas divergências sobre liderança e modelo político minaram as alianças.

O ex-príncipe Reza Pahlavi, filho do antigo xá, tem buscado apoio internacional e chegou a visitar Israel. Já o grupo MEK, que se aliou a Saddam Hussein na guerra Irã-Iraque, tem apoio de aliados de Donald Trump, mas é rejeitado por boa parte da população.

Há ainda grupos que defendem uma república laica, outros que pedem a volta da monarquia, e outros que propõem uma democracia parlamentar. Mas, até o momento, nenhum se mostrou capaz de liderar uma mudança real.

A dúvida é quem cairá antes: o regime iraniano ou Netanyahu.

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Last Update: 14/06/2025