
O irmão da influenciadora digital Laura Sabino tornou-se réu por tentativa de feminicídio. O homem, de 30 anos, está preso preventivamente desde 3 de junho e responde formalmente pelo crime ocorrido em 14 de março, em Belo Horizonte. A influenciadora de 25 anos já tinha uma medida protetiva expedida quatro dias antes do ataque, que ocorreu na casa dela, na Região Leste da cidade.
De acordo com o boletim de ocorrência, Laura foi esfaqueada por ele diversas vezes no abdômen e nos braços. Ela relatou ter sido atingida até desmaiar e, ao recobrar a consciência, sentiu um líquido sendo jogado sobre seu corpo e ouviu o agressor perguntar se ela ainda estava viva. O irmão tentou então incendiar o local com álcool. A vítima conseguiu fugir e foi perseguida por ele, que teria declarado a intenção de matá-la e depois tirar a própria vida. A Polícia Militar interveio e utilizou uma arma de choque para contê-lo.
Dias antes do crime, Laura havia sido alvo de ataques virtuais. Segundo a denúncia, ela foi citada em fake news disseminadas por influenciadores da extrema-direita, que a acusavam falsamente de envolvimento com drogas e de maus-tratos. A influenciadora relatou que o conteúdo dos áudios enviados pelo irmão na véspera do ataque reproduzia frases e ofensas semelhantes às que circulavam nas redes sociais. Durante a agressão, ele teria mencionado essas acusações enquanto a atacava.
A investigação da Polícia Civil apontou tentativa de feminicídio com motivação associada ao ódio político e à misoginia. Segundo o relato da vítima, o irmão se referia à sua atuação política como defensora de pautas progressistas e de direitos humanos com termos como “defender patifarias”. Ele também havia abandonado tratamento psiquiátrico e apresentava histórico de comportamento violento. Desde dezembro de 2024, Laura integra o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais, após ter denunciado ameaças à sua integridade física.
O agressor já possuía um histórico de violência contra a irmã, com registros anteriores de agressões físicas e verbais desde 2015. No caso atual, a denúncia apresentada pelo Ministério Público foi aceita pela Justiça, que tornou o réu formalmente acusado. Ele segue preso em um presídio da Grande BH, enquanto o processo judicial segue em andamento.
“Eu espero que essa história mostre a importância de dar suporte às famílias que sofrem esse tipo de tragédia, que passemos a ver fake news como algo que têm, sim, impactos na vida real das pessoas, e que o processo corra rápido. Não sei quando vou voltar a me sentir 100% segura porque foi muito forte. Mas estou bem”, declarou Laura ao g1.