Nascido em Haifa, em 1919, filho de Jibra’il Hanna Touma e Mary Habib Khuri, Emile Touma iniciou sua trajetória política no movimento estudantil, que rapidamente o conduziu ao comunismo e a uma vida dedicada à organização da classe trabalhadora árabe na Palestina.

Sua formação escolar começou na Escola Ortodoxa de Haifa e foi concluída em Jerusalém, no Colégio de Sião, onde tomou contato com as ideias socialistas através de professores como o libanês Ra’if Khuri. Este, por sua vez, o apresentou ao militante comunista palestino Abdallah al-Bandak, plantando as sementes da militância revolucionária em Touma.

Em 1937, participou da fundação da União dos Estudantes Árabes da Palestina, organização que promovia atividades políticas nacionalistas e de integração com o campesinato palestino. No final do mesmo ano, viajou à Inglaterra para estudar Direito na Universidade de Cambridge, mas retornou à Palestina com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, passando então a militar no clandestino Partido Comunista da Palestina.

Logo se destacou na organização de trabalhadores. Em 1941, fundou a Liga dos Intelectuais Árabes e, no ano seguinte, o Clube Raio de Esperança em Haifa, destinado a estabelecer vínculos entre intelectuais e operários das refinarias de petróleo. Dessa iniciativa nasceu, em 1942, a Federação dos Sindicatos Árabes, que, em 1944, tornou-se a principal base de apoio da Liga de Libertação Nacional, formada por comunistas árabes que romperam com o velho partido dominado por imigrantes judeus.

Na mesma época, fundou e passou a editar o jornal al-Ittihad, que se tornaria um dos mais influentes periódicos comunistas palestinos. No ano seguinte, organizou o Congresso dos Trabalhadores Árabes, dando corpo ao movimento operário revolucionário na Palestina.

Mesmo após o fim da guerra, Emile Touma permaneceu na linha de frente da política árabe palestina. Em 1946, participou da criação da Frente Superior Árabe, tentativa de rearticular a direção política nacional, interditada pelo imperialismo britânico desde 1937. No ano seguinte, representou a Liga de Libertação Nacional na Conferência dos Partidos Comunistas do Império Britânico, realizada em Londres. Apesar da orientação do stalinismo, Touma opôs-se à Resolução da ONU que propôs a partilha da Palestina — posição que lhe traria represálias políticas posteriores.

Com a catástrofe de 1948, a Nakba, foi forçado ao exílio no Líbano, onde foi preso por alguns meses. Voltou a Haifa no ano seguinte, mesmo sob controle sionista, para dar continuidade à militância no Partido Comunista de ‘Israel’. Foi editor do al-Ittihad e da revista al-Jadid, principais veículos de expressão da esquerda árabe em território ocupado.

Sofreu pressões do partido para revisar sua posição sobre a partilha da Palestina, e só foi incorporado à direção central do partido em 1965, após a cisão que levou à formação da Lista Comunista Nova (Rakah), majoritariamente árabe. No mesmo ano, foi convidado a Moscou para concluir sua pesquisa sobre a história moderna dos povos árabes. Obteve seu doutorado em 1968 com uma tese sobre a unidade árabe.

Intelectual marxista de projeção internacional, publicou obras importantes como Os Árabes e a Evolução Histórica no Oriente Médio (1960) e A Revolução de 23 de Julho em Seu Primeiro Decênio (1962). Suas publicações foram traduzidas ao russo, alemão e hebraico. No final dos anos 1970, atuou na fundação da Frente Democrática pela Paz e Igualdade e no Comitê Nacional pela Defesa das Terras Árabes em ‘Israel’.

Faleceu em Budapeste, em 1985, mas seu corpo foi enterrado em Haifa sob forte comoção popular. Em seu túmulo, as palavras que escolheu como epitáfio expressam o espírito de sua luta: “Amei meu povo com um amor que dominou todos os meus sentimentos e acreditei profundamente, sem reservas, na fraternidade de todos os povos”.

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Last Update: 12/06/2025