Em novo capítulo da crise de “Israel”, a cada dia mais profunda, foi convocada no parlamento israelense (Knesset) votação preliminar para que o órgão seja dissolvido. A iniciativa veio do partido Degel Hatorah, que junto do partido Agudat Yisrael, formam a coalizão United Torah Judaism. Esta, por sua vez, faz parte da coalizão do governo Netaniahu. Possuindo sete cadeiras no parlamento, seu apoio é fundamental para a manutenção do governo.
Conforme noticiado pelo jornal israelense The Times of Israel, os partidos de oposição do parlamento anunciaram que incluiriam projetos de lei para dissolver o Knesset na pauta do dia. Na declaração, é informado que a decisão foi “tomada por unanimidade e é vinculativa para todas as facções“. Informa ainda que “em coordenação entre todas as facções, foi decidido remover a legislação da oposição da pauta, a fim de concentrar todos os esforços em um objetivo: derrubar o governo“.
A razão imediata para que fosse convocada votação para dissolver o parlamento é a crise em torno da isenção dos judeus ortodoxos quanto ao serviço militar. Tal crise se dá em razão do fracasso das forças de ocupação em sua tentativa de derrotar o Hamas e demais organizações da Resistência Palestina.
Este fracasso já resultou em milhares de militares israelenses eliminados, bem como em dezenas de milhares de feridos e com problemas psicológicos. Isto, por sua vez, gerou uma crise de efetivos nas forças de ocupação, crise que é agravada por crescentes manifestações de militares se recusando a continuar o genocídio em Gaza. Conforme vem sendo noticiado pela própria imprensa israelense, as forças de ocupação precisa de pelo menos 10 mil efetivos.
Face a isto, pressão vem recaindo para que seja feita lei acabando com a isenção de recrutamento dos judeus ortodoxos. Em pesquisas realizadas por institutos de “Israel”, a maior parte da população apoiaria o fim da isenção. Quanto às forças políticas, tanto a extrema direita da extrema direita israelense (partidos do sionismo religiosos) – que faz parte da coalizão governamental – quanto a oposição vêm pressionando o governo a acabar com a isenção.
Por outro lado, os partidos do judaísmo ortodoxo que fazem parte da coalizão pressionam Netaniahu para que a isenção ao serviço militar seja mantida.
Como a pressão sobre o governo, vinda da extrema direita da extrema direita e da oposição, é cada vez maior, os partidos ortodoxos vêm ameaçando dissolver o parlamento nos últimos, chegando ao ponto de solicitar que fosse convocada votação para esse fim.
O partido Shas, outro partido ortodoxo, vem tentando negociar para que o Degel Hatorah dê mais tempo para Netaniahu, conforme noticiado pelo The Times of Israel, que, citando um consultor jurídico do parlamento, informa também que ainda não foi chegado a um acordo sobre a questão.
O jornal israelense também informa que “questionado sobre o quão próxima a coalizão está de um acordo, um porta-voz do presidente do Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, Yuli Edelstein (Likud), disse ao The Times of Israel que não sabe”.
Embora a votação possa ser retirada de pauta em última hora, conforme informado pela agência Reuters, o fato de ela ter sido incluida mostra a crise cada vez maior de “Israel”, crise que pode levar à derrubada do governo Netaniahu e a mais uma vitória da Resistência e do povo palestino.
Novo massacre: ‘Israel’ executa mais de 30 palestinos que buscavam comida nos ‘centros de ajuda’
Outro massacre foi perpetrado pelas forças israelenses de ocupação contra palestinos que buscavam comida e ajuda em um dos “centros de ajuda” gerenciados pelos Estados Unidos e por “Israel”.
Conforme informado pelo canal de comunicação Resistance News Network (RNN), 32 palestinos foram executados e mais de 100 foram feridos nesta quarta-feira (11) quando as forças israelenses de ocupação “abriram fogo contra moradores de Gaza famintos no posto de distribuição de ajuda na rotatória de Al-Nabulsi, perto do Corredor Netzarim”, faixa de terra que divide norte e sul de Gaza, e que é ocupada por “Israel”.
RNN informa que esses massacres são perpetrados com a conivência de mercenários dos EUA, ao mesmo tempo em que as forças israelenses de ocupação mauxílio efetivo a gangues locais contrarrevolucionárias criadas por “Israel”, nos saques de comida e ajuda humanitária.
Tais saques também fazem parte da política israelense de usar a fome como arma de guerra em sua tentativa de derrotar a Resistência e expulsar os palestinos de suas terras.
Outros ataques contra palestinos que buscavam comida ocorreram nesta quarta-feira: em informe publicado diariamente, o Ministério da Saúde de Gaza informou que “o número total de mártires da ajuda humanitária que chegaram aos hospitais desde esta manhã é de 57”, sendo que o número de feridos ultrapassa 363.
Destaca-se que, no dia anterior, os invasores israelenses já haviam executado 36 palestinos e ferido pelo menos 208 que buscavam ajuda em um centro também no Corredor Netzarim, conforme noticiado por este Diário.
Assim, o número total de palestinos assassinados “vindos das áreas designadas para distribuição de ajuda chegou a 224 feridos e mais de 1.858 feridos”.
Em declaração, o Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza denunciou que “a ocupação ‘israelense’ cria deliberadamente o caos total na Faixa de Gaza ao impor políticas de fome e intencionalmente atacar e matar aqueles que buscam desesperadamente por comida”. Leia na íntegra, a declaração:
“Numa ação que revela o caráter criminoso da ocupação israelense e sua política de usar a fome como arma de guerra, as forças israelenses vêm cometendo, há muitos meses — de forma diária e crescente — crimes evidentes contra civis famintos em toda a Faixa de Gaza. Esses crimes incluem assassinatos diretos, muitas vezes deliberados e às vezes aleatórios, usando drones quadricópteros, helicópteros e tanques, atingindo homens, idosos e até crianças desesperadas para conseguir qualquer pequena ajuda alimentar para alimentar suas famílias.
Por mais de 100 dias, a situação começou com a chegada de um número limitado de caminhões de ajuda a várias áreas. No entanto, esses comboios foram repetidamente atacados pela ocupação ou saqueados por gangues armadas implicitamente apoiadas por Israel, com o objetivo de causar caos no local. Quando civis famintos se reúnem na esperança de receber farinha ou itens básicos, tanques e drones israelenses disparam contra eles — uma prática recorrente que já causou milhares de vítimas, entre mortos e feridos, em cenas horríveis.
Nesse cenário infernal, os civis famintos voltam para casa de mãos vazias, sem conseguir alimentos, já que a ocupação mantém todas as passagens de fronteira fechadas há 100 dias, bloqueando a entrada de ajuda humanitária e impedindo sistematicamente o trabalho de agências internacionais e da ONU. Ao mesmo tempo, facilita o saque organizado de farinha e alimentos. Foram documentadas milhares de vítimas — entre mortos e feridos — incluindo centenas de casos graves e muitos desaparecidos.
Condenamos com veemência essa política criminosa praticada pelo exército israelense contra nosso povo palestino. Consideramos a ocupação totalmente responsável por esse caos sangrento e pedimos à comunidade internacional que aja imediatamente para proteger os civis e deter os crimes sistemáticos da ocupação contra nosso povo sitiado, faminto e deliberadamente atacado. Também apelamos por pressão internacional para que a ocupação abra as passagens de fronteira, permita a entrada de ajuda e autorize sua distribuição pelas agências da ONU, que há mais de setenta anos atuam no apoio a refugiados e civis.”
Já no dia anterior (10), declaração também fora publicada pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), partido que lidera a Resistência Palestina. Nela, foi denunciado que o massacre “constitui um crime de guerra horrível e confirma a adesão da ocupação a uma política sistemática de matança em massa e fome, desafiando a vontade internacional e todas as convenções humanitárias”.
O Hamas destacou ainda que “esse mecanismo sangrento adotado pela ocupação sob falsa cobertura humanitária se tornou uma armadilha mortal que já ceifou mais de 150 vidas desde sua implementação, incluindo crianças e mulheres, refletindo uma política calculada para perpetuar a fome e exaurir civis, como parte do genocídio cometido à vista de todos”.
Ao fechamento desta edição, o número oficial de palestinos assassinados por “Israel” desde o início desta guerra genocida já havia ultrapassado 55.104, e o deferidos já era de, pelo menos, 127.394.
Execuções diárias de palestinos que buscam por comida expressa crise cada vez maior de ‘Israel’
Desde que “Israel” retomou o total bloqueio a Gaza e retomou a guerra, em março, o genocídio contra os palestinos vem sendo intensificado.
Para além dos bombardeios diários, que já ceifaram a vida de mais de quatro mil palestinos nos últimos dois meses, “Israel” vem deliberadamente matando os palestinos de fome, na tentativa de fazê-los se voltarem contra a Resistência Palestina.
Essa política vem sendo feita através do controle da entrada da ajuda humanitária em Gaza, bem como da distribuição da mesma, que está sendo feita pela Gaza Humanitarian Foundation, organização gerenciada pelos Estados Unidos e “Israel” e controlada in loco pelas forças israelenses de ocupação e mercenários norte-americanos.
Diante do fracasso de fazer o povo palestino se voltar contra a Resistência, a entidade sionista passou a executá-los utilizando como armadilha os “centros de ajuda humanitária”.
Essa intensificação do genocídio não é demonstração de que “Israel” está forte, mas são ações desesperadas em razão da crise cada vez mais profunda da entidade sionista, que, mesmo com apoio de todos os países imperialistas, não consegue derrotar o Hamas e demais organizações da Resistência e nem expulsar os palestinos de suas terras.
Isto intensifica as contradições internas de “Israel” e torna o governo Netaniahu cada vez mais insustentável, chegando ao ponto de partidos de judeus ortodoxos que fazem parte da coalizão governamental darem início a votação no parlamento para que este órgão seja dissolvido, o que poderia resultar na queda do governo Netaniahu.
Paralelamente à crise resultante do fracasso de “Israel” e do imperialismo na Palestina, eles também vêm fracassando em sua tentativa de subjugar o Irã.
Há meses o governo Trump vem tentando fazer o país persa capitular através de um acordo sobre seu programa nuclear. Enquanto os EUA exigem o fim do enriquecimento de urânio, o Irã já afirmou reiteradamente que esta é uma linha vermelha, e que o enriquecimento do mineral não será abandonado. O governo Trump também já expressou que deseja o fim do programa de mísseis balísticos iraniano, o que o Irã descartou sumariamente.
No decorrer das conversas que vêm ocorrendo entre EUA e a República Islâmica do Irã em torno do programa nuclear iraniano, “Israel” ameaça realizar um ataque contra as instalações nucleares do Irã.
Ao mesmo tempo em que é noticiado que Trump estaria pressionando Netaniahu para terminar a guerra em Gaza, e ao mesmo tempo em que o presidente norte-americano para de falar sobre atacar o Irã, Trump declarou, em entrevista que foi ao ar na segunda-feira (9), no podcast Pod Force One, que está cada vez “menos confiante” de que conseguirá alcançar um acordo com o Irã, sobre o programa nuclear.
“Achei que haveria, mas estou cada vez menos confiante nisso. Eles parecem estar procrastinando e acho que isso é uma pena, mas estou menos confiante agora do que há duas semanas. Algo aconteceu com eles e agora estou muito menos confiante de que um acordo possa ser alcançado”, declarou Trump.
No mesmo programa, ele afirmou que “se houver um acordo, o Irã também não terá armas nucleares”, reiterou, ao mesmo tempo em que enfatizou que “seria melhor chegar a um acordo sem guerra, sem a morte de pessoas”, uma ameaça ao país persa.
Deve ser destacado que em maio, Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, que lidera as negociações, publicou em sua página da rede X que o país persa aceitaria um acordo em que abrisse mão de construir armas nucleares, deixando claro que a linha vermelha diz respeito tão somente ao enriquecimento de urânio para fins civis.
Nesse conjuntura, Pete Hegseth, o chefe do Pentágono, declarou que “há muitos indícios de que os iranianos estão caminhando em direção a algo que se pareceria muito com uma arma nuclear”.
Paralelamente a isto, informações que estão sendo divulgadas indicariam possível ataque do imperialismo contra o Irã: teria havido mudança rápida e repentina nas movimentações de pessoa, tropas e recursos norte-americanos no Oriente Médio. Além disto, tropas dos EUA estacionadas no Barém (país do Golfo Pérsico, vizinho do Irã) teriam sido colocadas em alto estado de alerta, bem como dependentes de militares norte-americanos estariam sendo evacuados da capital do país.
Algo semelhante estaria acontecendo no Iraque: a embaixada dos EUA em Bagdá (capital) estaria preparando para receber, a qualquer momento, ordem de evacuação. As tropas norte-americanas no país também teriam sido colocadas em alto estado de alerta.
Ainda, uma alerta urgente de segurança teria sido emitido pela Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKMTO) para todo o comércio marítimo no Golfo Pérsico, sob a justificativa de “tensões crescentes na região”, que poderiam levar a uma “escalada de atividade militar” contra navios mercantes.
Embora ainda não se possa prever um ataque dos EUA ao Irã, a movimentação indica a profunda crise em que se encontra “Israel”, bem como a ditadura imperialista na região.