A Polícia Federal divulgou um relatório que fundamenta o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da venda ilegal de joias, que envolveu desvio de itens cujo valor de mercado chega a R$ 6,8 milhões.

Segundo o documento, os elementos de provas da investigação apontam que houve uma associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais.

Dinheiro em espécie para Bolsonaro

Esses presentes eram entregues por autoridades estrangeiras e, depois, vendidos no exterior. Segundo a polícia, os valores dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal de Bolsonaro, sem utilização do sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.

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Conforme a PF, as investigações trouxeram indícios de que os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro retornaram para o patrimônio de Bolsonaro e de sua família, por meio de lavagem de dinheiro, enquanto ele estava nos Estados Unidos, depois de ser derrotado nas eleições presidenciais para Lula (PT).

STF já está com documentos

A PF protocolou na sexta-feira (5) no STF os documentos do indiciamento do ex-presidente e de mais 11 pessoas na investigação sobre a venda de joias recebidas de presente pelo governo brasileiro.

Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de associação criminosa (com previsão de pena de reclusão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e peculato/apropriação de bem público (2 a 12 anos).

A PGR analisa, agora, se denuncia o ex-presidente. Se isso ocorrer, caberá depois à Justiça decidir se ele vira réu.

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Além de Bolsonaro, outras dez pessoas também foram indiciadas pela PF sob suspeita de associação criminosa.

Sondagem criminosa

Relatório da Polícia Federal aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro avaliou a possibilidade de “incorporar” os kits de joias dados a ele por autoridades estrangeiras durante viagens oficiais ocorridas entre 2019 e 2021.

“JAIR BOLSONARO ainda pediu ao advogado que analisasse os trechos destacados em amarelo, levantando a possibilidade de realmente incorporar os bens recebidos”, diz o relatório da Polícia Federal.

Em mensagem enviada a Wassef, Bolsonaro citou uma resolução do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2016 para dizer que “tinha o direito” de “ficar com o material”.

“Você que é advogado aí, dá uma olhada nisso aí, nós sublinhamos aí um… pintamos de amarelo alguma coisa. Pelo que tudo indica, nós temos o direito de ficar com o material. Dá uma olhada aí”. A conversa ocorreu em 7 de março de 2023, alguns dias depois do jornal O Estado de São Paulo revelar que um conjunto de joias destinado à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia sido retido no aeroporto de Guarulhos (SP) pela Receita Federal.

As conversas também indicam que o ex-mandatário e o advogado combinaram as explicações que dariam à imprensa sobre o caso. Wassef defendeu que a nota fosse genérica para permitir uma mudança de estratégia “a qualquer momento” sem “se prender”.

Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo, O Globo e Metrópoles

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Última Atualização: 08/07/2024