China propõe novo nível de parceria científica no projeto Cinturão e Rota

Com representantes de mais de 90 países e regiões, a conferência de intercâmbio em ciência e tecnologia do Cinturão e Rota foi lançada em Chengdu, capital da província de Sichuan, em 11 de junho de 2025. O evento reúne autoridades chinesas e estrangeiras para debater medidas de cooperação no âmbito da iniciativa.

O vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang, membro do Comitê Permanente do Birô Político do Partido Comunista da China, participou da cerimônia de abertura ao lado de Yin Hejun, ministro da Ciência e Tecnologia, e de Wang Xiaohui, secretário do Partido em Sichuan.

Também compareceram delegações do Irã, Uzbequistão, Tailândia, Cuba, Equador, Honduras, Malásia, Peru e Sérvia, além de representantes de empresas como Alibaba, Tencent e CATL.

“Temos de reforçar a cooperação científica aberta, estamos lançando projetos científicos internacionais como laboratórios conjuntos e programas especiais em IA e cooperação espacial”, afirmou Ding Xuexiang ao defender a criação de redes entre universidades, institutos e centros de pesquisa.

O vice-primeiro-ministro citou protecionismo e “barreiras arbitrárias” impostas por países com políticas de contenção tecnológica e evitou mencionar nomes específicos.

Ding apresentou quatro propostas para aprofundar o intercâmbio:

  1. Cooperação aberta
    Criar redes internacionais de pesquisa, incluindo laboratórios conjuntos e iniciativas em inteligência artificial e programas espaciais.
    “A ciência não tem fronteiras e tem de beneficiar toda a humanidade. Temos de evitar que se torne apenas um jogo para países e pessoas ricas. Vamos implantar tecnologias em países em desenvolvimento e no Sul Global”, declarou o vice-primeiro-ministro.
  2. Compartilhamento de resultados
    Disponibilizar tecnologias avançadas para alcançar metas de desenvolvimento sustentável da ONU, com foco em atingir comunidades de menor renda.
  3. Intercâmbio de pesquisadores
    Conceder bolsas e promover seminários para jovens cientistas de países parceiros.
    “Vamos selecionar jovens cientistas talentosos para formação e investigações conjuntas em instituições de topo na China”, disse Ding.
  4. Governança global
    Definir regras éticas e inclusivas para enfrentar desafios comuns em ciência e tecnologia.

Na abertura, foi anunciado o plano “Duplo Mil” para a zona Chengdu-Chongqing, que prevê, até 2030, a realização de mil projetos de cooperação e a vinda de mil pesquisadores estrangeiros à China.

Em seguida, Yin Hejun relatou avanços desde a edição de 2023 da conferência. “Os consensos alcançados já produziram frutos abundantes”, afirmou o ministro.

Segundo ele, foram firmados acordos de cooperação científica com mais de 80 países; criados mais de dez centros de transferência de tecnologia; publicadas mil tecnologias avançadas em catálogo público; lançados quatro mil projetos de pesquisa conjunta; estabelecidos 70 laboratórios conjuntos em áreas como saúde e arquitetura; e recebidos 55 mil jovens cientistas para formação.

Wang Xiaohui destacou o volume econômico da província de Sichuan. Em 2024, o Produto Interno Bruto local superou 6,4 trilhões de yuans.

“As perspectivas de cooperação tecnológica no âmbito da iniciativa são amplas”, declarou o secretário provincial. Ele adicionou que Sichuan pretende compartilhar resultados de inovação com parceiros e construir plataformas de desenvolvimento colaborativo.

No mesmo dia, foi publicada a Declaração de Chengdu, documento que consolida compromissos multilaterais em torno de princípios de abertura, equidade e benefício mútuo.

Na véspera, Ding Xuexiang manteve encontros bilaterais com autoridades da Sérvia, Irã e Uzbequistão, reafirmando o interesse em converter a cooperação científica em motor de relações bilaterais. “Os laços em ciência e tecnologia podem construir comunidades de futuro compartilhado”, disse ele, segundo comunicado oficial.

Os painéis corporativos reuniram executivos da Tencent, Alibaba e CATL. As empresas apresentaram planos de parceria para projetos em inteligência artificial, plataformas energéticas digitais e soluções para a transição energética, com foco em países do Sul Global.

A conferência prossegue com discussão de cronogramas e avaliação de impacto dos programas propostos. Especialistas e delegados devem analisar relatórios técnicos sobre receitas e despesas associadas à cooperação. O governo chinês pretende encaminhar projetos de lei e acordos de intercâmbio ao Congresso Nacional Popular após a conclusão das rodadas de negociação.

O balanço da primeira edição e as metas do plano “Duplo Mil” devem servir de base para a definição de políticas de longo prazo. A organização do evento prevê a realização de workshops temáticos e visitas a instituições de pesquisa na região de Chengdu-Chongqing, onde, segundo o governo, “inovação científica e indústria caminham em conjunto”.

A expectativa é que a conferência aponte caminhos para ampliar a base científica global e ofereça mecanismos de financiamento compartilhado, levando em conta metas de desenvolvimento sustentável e necessidades de países em desenvolvimento. O encerramento está previsto para 13 de junho, quando serão apresentados relatórios de progresso e propostas de calendário para as próximas iniciativas.

Com informações de Guilherme Paladino no Brasil 247

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